Quero minha universidade de volta!

A despeito de uma recente matéria veiculada na internet em que cientistas advertem que as chamadas redes sociais estão criando uma geração vaidosa e obcecada por atenção; através do Facebook, Orkut e outros similares também se é possível reencontrar vários amigos queridos, inteirar-se de muitos acontecimentos, inserir-se em debates, encontrar-se em fotos antigas que, às vezes, nem supunha existirem, entre outras vantagens. É como dizem os mais antigos: a diferença entre o remédio e o veneno é a dose.

Outra vantagem destas redes sociais é que elas se prestam a encorajar alguns enrustidos a manifestarem abertamente suas ideias reacionárias, ajudando a desvendar variadas fontes de preconceito e conservadorismo.

Em uma comunidade especial de uma destas redes sociais, há uma criada por ex-estudantes de uma universidade federal. Já são quase três mil adeptos. Um espaço muito agradável onde todos relembram, emocionados, os tempos de estudante: as festas, os estudos em grupo, as dificuldades financeiras, as amizades, os professores (carrascos ou não), etc. Tudo é motivo para comentários. Bom seria se esse saudosismo não se misturasse ao conservadorismo.

Em um dos tópicos mais comentados sabem o que esses ex-alunos de uma universidade pública federal, cuja sociedade tanto investiu em suas formações, reclamam? Que a antiga e querida universidade que os acolheu agora cresceu! Embora não digam abertamente, se dependesse de seus desejos pequeno-burgueses voltariam ao tempo em que a universidade era pra poucos privilegiados, uma casta seleta que se beneficiava de um espaço desinchado e despoluído de gente. Entristecem-se, do alto de seus ótimos postos de trabalho, pois a universidade atual comporta muito mais alunos e dinamiza seu funcionamento às necessidades do país – que clama por mais recursos humanos qualificados.

A preocupação seria justa se viesse acompanhada de algum comentário questionando a qualidade do ensino. Mas não. No âmago de suas inquietações está a ruptura, na prática, daquele velho discurso hipócrita e mesquinho selecionado pelas Comissões de Formatura que insulta os convidados ao enfatizar que ali se encontra um grupo de elite (vim, vi e venci), uma minoria exultante a levantarem seus “canudos” e zombarem de tantos outros que não tiveram a mesma fortuna.

São aqueles mesmos citados por Lula, que se incomodam em compartilhar o assento no avião com representantes das chamadas classes populares. Estes “saudosistas” ficam desconsolados até com os novos prédios que passam a prevalecer no panorama das universidades e das próprias cidades, gerando emprego para a população local. Dizem que estão preocupados com a justa preservação do patrimônio histórico, mas nunca se pronunciam sobre o patrimônio humano, a democratização do conhecimento.

Hipócritas! Já se serviram do banquete e não querem, agora, sequer repartir as migalhas. Melhor seria dizerem abertamente: “fora gentalha, da minha linda universidade!”.

São por estas e outras que o Reuni precisa ser apoiado como forma de democratizar o acesso, promovendo a expansão física, acadêmica e científica da nova Universidade que virá, formadora de mentes mais humanas e sensíveis.

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