A caminho de Nairobi

A luta internacional pelo direito à saúde como um direito humano, pautada pelos princípios da universalidade, da integralidade e da equidade, prepara o 2º Fórum Social Mundial da Saúde (2º FSMS), por ocasião do 7º Fórum Social Mun

Não esquecendo os significados do simbolismo de refletir na África o lema orientador do FSM: “Um outro mundo é possível” e o do FSMS: “Uma saúde para todos é possível e necessária”. Integram tal esforço um número expressivo de articulações políticas que lutam pelo direito à saúde no mundo.


 


A prioridade é estabelecer diálogos com a sociedade civil africana e possibilitar o emergir do protagonismo e o fortalecimento dos movimentos sociais locais.


 


O tema do 2º FSMS será “África: espelho do mundo”, com vistas a “passar a idéia de que há um contexto na África em que se explicitam, de forma radical, as contradições produzidas pelo mundo capitalista neoliberal, também presentes em todo o mundo”.


 


O que “significa enfatizar a exclusão social de grande parcela de seres humanos e evidenciar as benesses do atual modelo de desenvolvimento para um pequeno número de pessoas. O FSMS discutirá esse modelo sempre pelo viés da saúde, relacionado aos outros temas. Neste sentido, o debate aborda o contexto local, mas por meio dele discutirá o problema do mundo”.


 


A proposta do 2º FSMS poderá aglutinar força política internacional considerável ao visibilizar mortes precoces preveníveis e evitáveis em todo o mundo, já que elas ocorrem de modo sistemático e poderiam ser reduzidas e contidas substancialmente pelo acesso universal à atenção à saúde com qualidade.


 


Para que o direito humano à saúde seja assegurado, exige-se a implementação de políticas públicas nas mais variadas áreas sociais que sejam capazes de imprimir uma marca humanitária que valorize a vida humana concreta, aquela já nascida, pois seres humanos necessitam de um ambiente social digno para que se desenvolvam em plenitude.


 


Só assim materializar-se-á a saúde como um direito humano fundamental, cuja atenção em casos de doenças jamais será devidamente suprida por serviços de saúde nos marcos de conceitos como mercadoria geradora de lucros, conforme preconizam as diretrizes neoliberais.


 


Devido aos altos custos financeiros para se chegar ao Quênia, a dificuldade de participação deve ser considerada.


 


É decisão do Comitê Internacional do 2º FSMS envidar esforços para que os debates que lá ocorrerão sejam transmitidos, sob o concurso das novas tecnologias de informação e comunicação para o maior número de países e sensibilizem o maior número possível de pessoas.


 


A Rede de Saúde das Mulheres Latino-americanas e do Caribe


 


(RSMLAC) e a Rede Feminista de Saúde integram o Comitê Internacional do 2º FSMS, objetivando que a temática da saúde da mulher, dos direitos sexuais e dos direitos reprodutivos transversalizem e ressoem nos debates, especialmente buscando formas de as africanas serem participantes ativas do 2º FSMS desde o processo preparatório.


 


O empenho é sensibilizar e contar com a presença e a voz das africanas, em grande estilo, para mostrar ao mundo, em um evento internacional de grande porte, as condições difíceis em que vivem, cujas repercussões na saúde são evidenciadas pela morte precoce, em todas as faixas etárias, e têm na morte materna, neonatal e infantil indicadores precisos do descaso dos governos para com a saúde, aqui entendida não apenas como a ausência de doenças, mas que também se expressa e se consubstancia nas condições degradantes da dignidade humana em que vivem as populações pobres em todo o mundo, inclusive nos países ricos e desenvolvidos, guetizadas em seus bolsões de miséria – espaços que as sociedades contemporâneas destinam aos despossuídos. Vamos a Nairobi!

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