Campanha num continente

É quase lugar comum se dizer que o Amazonas é um estado de dimensões continentais. São 1,55 milhões de km2 de florestas, rios caudalosos e precário sistema de comunicação intermunicipal.
É uma região repleta de encantos e mistérios, organizada em apena

Ademais, não mais do que 10 de seus municípios são acessíveis por rodovias precárias, algumas ainda de “chão batido”, o que torna o deslocamento intermunicipal uma verdadeira aventura.


 



Afora esses 10 “municípios rodoviários”, os demais só podem ser alcançados por avião ou barco. Mas o avião, além do preço proibitivo, não oferece linhas regulares para boa parte dos municípios. E o barco é impraticável, no caso específico de uma campanha eleitoral, pois algumas viagens podem demorar até 30 dias.


 



Como fazer, então, para alcançar os 3,5 milhões de amazonenses espalhados nesta imensidão amazônica?


 



Se submetendo a uma verdadeira epopéia.


 



Semana passada, eu e a Deputada Federal Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) pudemos constatar in loco a complexidade desta saga amazônica: estivemos em Guajará, sudoeste do Amazonas, na fronteira com o estado do Acre.


 



Tomamos o avião de linha às sete horas da manhã, em Manaus, e só chegamos ao destino após quase 5 horas de vôo, escalas e deslocamentos terrestre. Para chegar a Guajará fizemos escalas em Porto Velho (Ro), Rio Branco (Ac) até descer no aeroporto de Cruzeiro do Sul, ainda no estado do Acre.


 


 



De lá, enfim, tomamos um carro para, finalmente, chegar a Guajará, no Amazonas. Viajamos mais tempo para ir de uma cidade amazonense a outra do que se tivéssemos ido de Manaus a São Paulo.


 



Mas o pequeno transtorno é plenamente recompensado pelo conforto de ver que essa generosa gente ainda não apagou o brilho de esperança que salta de seus olhos e de seus corações.


 



Quando nos despedíamos de Guajará, uma criança que nos acompanhou em todas as atividades se aproximou. Era “Kiko”, não mais que sete anos, olhar irrequieto e determinado. Segurou minha mão e disse: “Eron, vá com Deus”. Emudeci, fiquei sem palavras diante de uma criança, logo eu, um velho comunista acostumado a tantos combates. E aquela imagem ficará para sempre gravada na minha retina.

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