Economia e Rebeldia

Em ensaio na revista Argumento, Tito Ryff faz algumas considerações interessantes sobre as relações entre economia e política. Que a rebeldia é um valioso instrumento de trabalho dos economistas e cita José Ingenieros: a rebeldia é a mais alta disciplina

Economista, considera um erro de parte considerável desses profissionais, quando trabalham com uma determinada distribuição de riqueza e renda e pensam que modificá-la é tarefa dos políticos, dos homens de ação social.


 



Lembra uma frase de Hayek, mentor da nova ordem neoliberal: é um erro a visão de que as sociedades possuem como origem alguma organização. Há uma ordem espontânea, e, portanto, falar em distribuição justa ou injusta de renda, é uma total ausência de bom senso. O mercado define o rumo das sociedades, o crescimento econômico, a ordem natural das coisas.


 



Não há, portanto, a necessidade da intervenção, através de estratégias de planejamento e investimentos em favor das maiorias deserdadas. A interferência do Estado na organização social deve reduzir-se ao menor limite possível. É o Estado mínimo.


 



Ressurgindo, assim, declara o ensaísta, sob novas condições históricas, a Economia do conformismo, sem inspiração social. A “ciência sinistra” (ou maldita), parafraseando Carlyle, horrorizado com as teorias de Malthus.


 



Mas a essência do mercado é o lucro. Jamais a superação das desigualdades sociais, regionais. A iniciativa dos setores do capital produtivo deve estar relacionada aos propósitos, imediatos ou estratégicos, do Estado nacional. Caso contrário, a resultante poderá ser a dependência, algum crescimento econômico, associado à progressiva concentração da renda.


 



Em razão da força hegemônica do neoliberalismo, nas últimas décadas, as análises de muitos economistas, em obras ou entrevistas, são tecnicistas, desprovidas de causa ou projetos transformadores, insípidas.


 


Aparentemente, mas só aparentemente, ausentes de sentido político.


 



O autor sentencia que uma das graves conseqüências dessa doutrina é a exarcebação do individualismo, acarretando a queda da solidariedade social, estendendo-se a todos os ramos da atividade humana.


 



A luta nos dias atuais, assim como em outubro próximo, será a derrota do neoliberalismo e os seus partidários. Ou como afirma o sociólogo Emir Sader, contra o monopólio da palavra e da riqueza.

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