Cotas & Preconceitos

Atualmente, os principais veículos de comunicação têm se ocupado de uma grande polêmica contemporânea: é justo a política de cotas raciais nas universidades?

Os movimentos sociais, em geral favoráveis, argumentam que não se pode tratar desiguais como iguais e que a instituição de cotas seria o reconhecimento de que o poder público não assegurou e nem assegura oportunidades iguais às distintas camadas sociais.



Os políticos opinam e, como na maioria dos casos, procuram se equilibrar entre as diversas opiniões no intuito de não se isolarem e nem contrariarem setores descontentes.



No meio acadêmico, como sempre, as opiniões oscilam entre a aceitação acrítica e a rejeição total. Os que rejeitam as “cotas” lembram que os desníveis sociais tem causas estruturais e argumentam que tais concessões tem caráter meramente paliativo.



De fato as cotas são um paliativo. Mas ninguém desconhece a necessidade de se adotar medidas práticas que tenha como objetivo incluir essa crescente legião de jovens excluídos que não tem como ingressar numa universidade.



A mim parece que esse é o debate real.



As principais entidades estudantis, como UNE e UBES, apoiam a política de cotas, mesmo sem desconhecerem que a solução definitiva passa por mudanças estruturais. E algumas casas legislativas, como a Assembléia do Amazonas, já aprovaram leis que vão além das cotas raciais.



O que chama a atenção, porém, são os dados de uma pesquisa nacional recentemente divulgada. Tais dados indicam que entre os que ganham até 10 salários mínimo, a aprovação à política de cotas oscila de 52 a 70%. Mas, entre os que ganham acima de 10 salários mínimo, 57% são contra as cotas raciais, revelando uma carga de preconceito, intolerância e egoísmo que bem traduz a premente necessidade de se criar mecanismos que assegurem amplo acesso de nossa juventude às universidades.

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
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