Maestro da nação

Em novembro deste ano se passou o 50º aniversário da morte de Heitor Villa Lobos, o grande maestro que mais do que ninguém simboliza na música, inclusive a erudita, o espírito do artista imbuído de profundo sentimento nacional.

Toda a sua obra encontra-se carregada de intensa brasilidade. É uma produção baseada em substanciosa pesquisa da cultura e dos ecos melodiosos de um Brasil urbano e rural, do litoral ao centro desta nação continental. O seu legado retrata, sem dúvida alguma, em profundidade, um Brasil profundo.

O povo brasileiro ainda não descobriu a sua alma nas partituras de Heitor Villa Lobos que permanece circunscrita aos círculos dos letrados musicais ou aos curiosos da classe média.

Apesar de que durante a década de trinta, incentivado pelo governo Getúlio Vargas, a sua produção tenha sido divulgada em massa e ele próprio tenha se tornado uma celebridade popular, tendo regido no estádio de São Januário, do Vasco da Gama, um coral de milhares de crianças.

Apaixonado por suas idéias, imensamente criativo e pesquisador detalhista, Villa Lobos revelou ao mundo, à Europa e aos Estados Unidos uma música clássica de sentido universal e raízes brasileiras.

Por essa ousadia “politicamente incorreta” aos espíritos colonizados dos conservadores avessos às mudanças e ousadias, o grande maestro foi perseguido, patrulhado e chamado de excêntrico no melhor dos casos e nos piores de louco varrido.

É que esses de alma pequena e subservientes às modas da Europa, entupidos de sons estrangeiros, educados na “noblesse oblige” – a nobreza obriga, não podiam conceber uma produção erudita nacional e de altíssima qualidade.

Quando o grande artista foi em definitivo reconhecido internacionalmente, a recalcitrante elite intelectual aristocrática brasileira resolveu “aceitar” Villa Lobos, meio a contragosto e sempre que podia alfinetando-o pela imprensa dedicada à cultura.

Mas na verdade Heitor Villa Lobos, rebelde, sempre fez pouco caso dessas críticas sectárias. Foi em frente com a sua criatividade original. Na realidade ele pode ser considerado como uma espécie de gênio em sua área.

A sua obra influenciou uma geração de primeira linha de compositores e instrumentistas, inclusive na música popular, como Tom Jobim e outros. Um gigante universal e brasileiro.

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
Autor