Filiado é “pra se guardar do lado esquerdo do peito”

Acabamos de sair do maior Congresso da história da UJS. Reunimos 70 mil jovens em todo o Brasil e plantamos na consciência de muitos deles, pela primeira vez, a palavra socialismo. Esta juventude aguerrida é o maior contingente numa organização política j

Foram recrutados na luta política, enfrentando o assanhamento da direita, não caindo nas mentiras da grande mídia, tomando partido. Este amplo contingente de filiados é o ponto de partida para superarmos a meta de 100 mil filiados que definimos para o 13º Congresso. E mais, é a chave para que contactemos outros tantos milhares de jovens que esperam conhecer a UJS e não tem quem mostre. Os filiados mostrarão.


 


Mas para isso, é preciso cuidar deles. Onde estão, quem são, que fazem? Como trabalhar o banco de dados, completá-lo, mobilizá-lo para as atividades da UJS? Quantos desses filiados querem receber material da campanha do Lula, do Federal, do Estadual?


 


Estas e outras perguntas devem ser feitas e respondidas pelo coletivo. A mobilização e o relacionamento constante com todos os filiados da UJS a partir de cada nível deve ser parte de qualquer batalha política, quanto mais de uma batalha da magnitude da campanha eleitoral que enfrentaremos este ano.


 


Precisamos, portanto, nos perguntar seriamente as razões pelas quais é possível admitir que nos tenhamos esforçado tanto numa campanha massiva, e quando esta se encerra, não tiramos o máximo do que construímos?


 


A resposta a este questionamento é necessária para que possamos dar um passo adiante. A UJS chega ao patamar pensado quando da sua fundação: “amplo movimento juvenil socialista”.  Hoje a nossa influência política cresceu bastante, chegando a muitos milhares de jovens. Todavia, dialeticamente, a superação de uma dificuldade não abre espaço para bonança. Trata-se de um desafio maior que se apresenta, superada a contradição inicial. Como incorporar organicamente este amplo contingente, para que a nossa política não apenas chegue, mas se enraíze no coração da juventude?


 


A não realização destes objetivos, tem muitas razões. Vivemos um período onde a militância política, especialmente entre os jovens é escarnecida pelos monopólios deformadores/repetidores da mídia. Todavia, também vivemos uma época de retomada das esperanças.


 


O Brasil cresce depois de longa estagnação, e mesmo que pouco, isso já muda o moral da moçada. O povo resiste às manipulações da mídia e afirma sua vontade de mudança. E incorporar esse desejo de mudanças foi o desafio que palmilhamos durante os últimos três anos e meio, e com êxito. O 13º Congresso Nacional da UJS foi um pouco a expressão destes cumulativos avanços que tivemos particularmente no último período.


 


Afora este aspecto – que é a confrontação direta com o inimigo de classe na disputa pela consciência da juventude -, também temos os nossos problemas. Durante muito tempo não foi possível avançar na organização, até mesmo por não dispormos de instrumentos suficientes, cultura, ou direções. Também nisso se avançou bastante no último período. O Planejamento Estratégico Situacional – o nosso querido João de Barro Brasil – estende suas asas por sobre todo o território nacional – já são 27 as direções estaduais da UJS e há centenas de direções municipais. O Cadastro On Line foi criado, um sistema só nosso, espia! Agora, o problema não é falta de instrumentos, é questão de convicção, de entendimento, de clareza para chegar ao método, tentar, acertar, errar, mas sair do círculo vicioso.


 


Por isto também é correto o debate acumulado sobre a necessidade de não “desmontar” a UJS durante a eleição. Desmontar as direções estaduais da UJS significa exatamente mandar o nosso contingente próprio para as cucuias, exatamente no melhor momento. A gente mobiliza uma galera, faz os cadastros, todo mundo gosta e depois, puff… Aí, depois da eleição tá todo mundo estourado; e no outro semestre, Congresso da UNE etc. E aí recomeça o tal do ciclo vicioso. Nem o pragmatismo explica isso.


 


Como é possível às vésperas da batalha eleitoral ignorar centenas de jovens que se dispuseram a – muito mais do que votar – assinar a ficha de filiação da UJS?! Isto também mostra que não há uma intencionalidade. O que há é a dinâmica da campanha se impondo sem a devida mediação da direção correspondente – e é para isso que serve a direção.


 


Filiado é pra se guardar do lado esquerdo do peito, junto do coração. É pra escrever carta e telegrama, pra ter relação de telefones pra mandar torpedos e chamar para a reunião do nucleo, para a plenária. É pra distribuir os contatos para os núcleos. É para dividir, secundaristas, universitários, trabalhadores, mulheres, cultura, e depois somar. É pra mandar notícia via e-mail, é pra ensinar a montar núcleo, é pra chamar pro debate, pra festa, pra caminhada da campanha, pro barzinho, é pra convidar pro show de Hip Hop, é pra reunir no bairro, propor marcar uma reunião com os amigos dele, na casa dele com a mãe super-orgulhosa da ida do candidato dele pra conhecer a família dele!


 


O filiado é a véspera do militante, ele é o vazio que tanta falta faz na nossa organização, pra enfrentar o capitalismo e construir as firmes passadas das vitórias do cotidiano, que ensinam à perspectiva socialista. Ele(a) fez o gesto inaugural e agora espera o nosso. E quem se filia só não se lembra da gente se a gente foi lá, filiou e se esqueceu. Ou seja, o filiado não teve nem a chance de virar militante! Não tem a mínima condição de um problema desse passar batido…


 


Isso nós podemos mudar, e agora, exatamente como fazemos nos fóruns estudantis, nas batalhas das entidades de massa. Política justa, organização correspondente, alegria, método, sacrifício. Essa tecnologia da UJS que dela fez a maior organização juvenil do Brasil pode com certeza cumprir um papel de primeiro plano, canalizando as esperanças e a vontade de mudança nos candidatos juvenis (e como disse o Engels, “os comunistas são a juventude do mundo”). Só não pode fazer cozido da galinha dos ovos de ouro, senão, necas!


 


A UJS é massa. É bonita, legal, e vê longe, com alegria, combatividade e convicção. Precisamos de milhares de novos militantes para nos ajudar a mudar o Brasil e consolidar as grandes vitórias que tivemos no 13º Congresso da UJS.  Setenta mil filiados são mais que um orgulho, uma riqueza, uma alegria. Setenta mil filiados são o nosso chão, o alicerce a partir de onde nos impulsionaremos para muito além do que já temos.


 


Afinal, não podemos esquecer: a estrada vai além do que se vê.

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
Autor