China já lidera exportação mundial

A China se transformou na maior exportadora mundial depois de ultrapassar a Alemanha no primeiro semestre deste ano, de acordo com informações da OMC (Organização Mundial do Comércio), divulgados nesta terça-feira (25) em Genebra.

Nos primeiros seis meses deste ano, a China exportou produtos no valor de 364,3 bilhões de euros (521,7 bilhões de dólares ou R$ 968,2 bilhões), contra € 364,2 bilhões (US$ 521,6 bilhões, R$ 967,967 bilhões) da Alemanha. Ainda não se pode afirmar que esta performance se repetirá ao longo dos próximos meses, mas não restam dúvidas de que ela representa uma tendência histórica de maior fôlego em curso na chamada economia mundial.

Afinal, o desempenho das exportações geralmente acompanha a evolução da produção, que gera o excedente de mercadorias exportáveis. A diferença gritante do crescimento do PIB chinês (em torno de 10% a.a desde 1978) em relação às potências capitalistas (pouco mais de 2% ao ano, em média, nas últimas décadas) é um sinal de que a nova correlação de forças no comércio mundial desenhada pelos últimos números da OMC tende a se consolidar nos próximos anos.

Declínio americano

Já os Estados Unidos ocupam, hoje, a terceira posição no pódio dos países mais exportadores. Perdeu o primeiro lugar para a Alemanha em 2005 e depois foi ultrapassado pela China, que subiu ao segundo lugar no ranking em 2007 e agora deixou os alemães para trás, chegando à liderança pela primeira vez.

Nos últimos anos, a economia alemã sustentou o seu crescimento principalmente nas exportações, deprimidas pela contração do mercado mundial. A Organização Mundial do Comércio considera que o comércio exterior já dá sinais de recuperação, restando dúvidas sobre o caráter da retomada (se vai ser uma subida pronunciada ou uma fase de crescimento lento) da economia mundial. A OMC manteve a previsão de declínio de 10% no fluxo do comércio mundial este ano.

Comércio e fluxo de capitais

O comércio exterior tem uma importância extraordinária no processo de circulação e reprodução do capital em escala internacional. Ele reflete diretamente a produção e o intercâmbio produtivo entre as nações e é essencial à realização do capital, conforme ficou evidente na crise. A contração do mercado estadunidense, o maior do mundo, frustrou o movimento de circulação, realização e reprodução do capital em escala ampliada em diferentes cantos do planeta, disseminando recessão.

Neste sentido, a crescente relevância da China para o processo global de produção das economias nacionais é palpável. A força da demanda chinesa é em boa medida responsável pela recuperação da economia brasileira, conforme vários analistas. No primeiro semestre deste ano o país asiático também se transformou no maior parceiro do Brasil, superando os EUA. O comércio exterior é também fonte do capital destinado à exportação, ou seja, ao investimento no exterior. O fluxo de capitais não está dissociado do comércio exterior.

Desenvolvimento desigual

A crise é apontada por alguns economistas, com razão, como uma das causas para a supremacia chinesa. A mais próspera nação asiática sofreu os impactos da forte queda do consumo no maior mercado do mundo e em outros países, mas tem revelado uma rápida e surpreendente capacidade de recuperação graças ao bom comportamento do seu promissor mercado interno, cujo potencial é dado pela população (cerca de 1,3 bilhão).

Com efeito, a crise acentuou o desenvolvimento desigual das nações, favorecendo a China, que deve crescer ente 7 a 9% neste ano, segundo as previsões. Também está contribuindo para o declínio dos EUA, assim como da União Europeia e do Japão, que mergulharam numa severa recessão.

Deste modo, as perturbações que afetam a economia mundial também realçam a necessidade de uma transição para uma nova ordem econômica internacional, que já não poderá ser baseada na supremacia do dólar e na hegemonia imperialista dos EUA. Terá de corresponder à nova correlação de forças que está se formando e refletir melhor as mudanças no poderio econômico relativo das potências.

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