Camaradas 2008

Um poema

Há oitenta e seis anos lutam os comunistas no Brasil.
E lembro de Amazonas e Elza no Rio, em 2002.
Pareciam frágeis
e ao, mesmo tempo, tão reais!
E todos nós ao seu redor, numa grande alegria,
partilhando aquele seu último congresso.
Era uma vibração tão bonita!
A militância.
Nós.


 



Gente comum
filhos do povo
estudantes, artistas, cientistas
Com a ousadia de acreditar que lutar vale a pena.


 



Tantas penas!
Tanta cadeia.
Tanta tortura.
Tanta calúnia,
Contando, até se custa a acreditar.


 



Raimundo Vermelho, no Ceará dos anos 20, teve sua casa queimada consigo dentro.
Prestes passou dez anos preso e Olga… que dizer de Olga Benário Prestes?
Diógenes Arruda Câmara morreu de alegria, tão machucado saiu das garras do Fleury.
Carlos Nicolau Danieli não disse uma palavra.
E Grabois, naquele Natal de 1973 caiu em combate em Xambioá.


 



Onde estão os mortos “desaparecidos” da Guerrilha do Araguaia?
Quantos foram presos pela Chacina da Lapa?


 



***



Foi de teimosos que chegamos aqui.
Lutamos contra todas as ditaduras.
Fomos os primeiros a falar em Reforma Agrária
Foi Jorge Amado o autor da Emenda Constitucional da Liberdade Religiosa.
E os trabalhadores e a juventude sempre podem contar conosco.


 



Gostamos do verso, da canção, do sorriso, do Brasil.
Talvez, por isto, apesar de tudo, tantos jovens abraçam a causa!
Amarela e encarnada, de aço e de pão.


 



E nos olhamos.
Lado a lado, destacados lutadores contra a ditadura
com 50, 60 anos, e sem querer sossegar,
tendo ao redor de si todas as gerações ulteriores.



 


Pelas diretas, e sem vacilar em apoiar Tancredo.
Os primeiros a defender uma frente para eleger Lula.
Prontos para a tribuna e para as ruas.
Enfrentando a direita.
A turma do movimento estudantil, do Fora Collor,
que resistiu a FHC e está mudando o Brasil.



 


Podes nos encontrar nas escolas, nas universidades,
nas fábricas, no comércio, nas ruas,
em cada canto do Brasil.
Tão ousados sonhos, tanta realidade já a mudar.
Mas só adiante veremos integralmente
(O socialismo brasileiro, inédito, exige gênio e suor).



 


E, hoje, falamos a todo o povo,
com nosso próprio rosto
Nossos nomes,
nossas vidas.
Nadamos em verdes mares revoltos.
Aceitamos os desafios de grandes batalhas.



 


***


 


Ampliar radicalizando e radicalizar ampliando!
Falar para o Brasil e em especial aos trabalhadores.



 


As idéias
As massas
Ousar disputar o rumo do país
E as incorrigíveis trilhas de
Bolívar, Martí e Bonifácio
Ainda nos provocam ao século 21.



 


E há este único vínculo
Essa adesão voluntária
A escolha da disciplina como caminho
para a arte e o gênio.
A escolha da união indestrutível.
A Audácia de um projeto coletivo
viva no militante comunista.

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