Era dos Extremos

Nestes seis primeiros anos do segundo milênio, acertou quem disse: “no princípio, serão trevas. Depois as luzes surgirão”. Não é o primeiro período obscuro da História humana, talvez não seja o úl

Em cada um deles, aconteceram as suas especificidades, as contradições que os marcaram. As lutas, as transformações científicas, tecnológicas, o velho contra o novo, debatendo-se pela sua permanência, gerando conflitos sociais, filosóficos.
O excepcional historiador Eric Hobsbawm, descreveu como a Era dos Extremos, o que ele considerou o breve século vinte. Dividindo-o em três partes ou eras.

A primeira, da catástrofe, marcada pelas duas grandes guerras mundiais e, em conseqüência dos sistemas opressivos gerados nesse período, as revoluções sociais, as lutas de libertação nacional contra o colonialismo, o neo-colonialismo.
A segunda, são os anos dourados. Decorrentes da paz congelada, ou, como é mais conhecida, guerra fria. Paradoxalmente, apesar da constante ameaça de um conflito atômico global, teria sido um tempo de extraordinária expansão econômica e transformações nas sociedades.
Entre 1970 e 1991, do século anterior, Hobsbawm considera como o momento do desmoronamento. A débâcle dos sistemas institucionais que previnem e limitam o barbarismo contemporâneo, dando lugar à brutalização política e à irresponsabilidade teórica da ortodoxia econômica, proclama.
Evidente que os fenômenos não se deram ao mesmo tempo e de forma igual em todos os continentes ou países. Existiram particularidades, contextos, provocando a descontinuidade dessas grandes ondas, em escala planetária. A História não acontece como na aritmética simples. 
Cada nação teria vivenciado subdivisões desses tempos. Gerações diferentes, surgiram em curto espaço temporal. Carregando olhares, hábitos e conceitos próprios.

Na política, como na guerra, existem os movimentos da estratégia e tática. O presente contínuo da ação, muitas vezes desprovida de chama, ideário – se há programa, falta a alma de Cervantes – exige que reflitamos sobre tudo isso. A necessidade radical de se refundar a República, as instituições, a própria atividade da política, em sentido mais progressista e transformador.

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