Anita Roddick e as quebradeiras de coco babaçu

Ao saber da morte de Anita Roddick, em 10 de setembro, aos 64 anos, por acidente vascular cerebral (AVC), relembrei a primeira vez em que cruzei as soleiras de uma loja Body Shop, a “vanguarda verde em cosméticos” ( ww

Numa linguagem roddickiana, a Boddy Shop fabrica e vende no varejo artigos de cuidados do corpo: xampu, sabonetes, cremes, colônias e maquiagem. Ao mesmo tempo vende algo mais: idéias e atitudes, sob o slogan “Feito com paixão”.


 


 
Fui à Body Shop, em Nova Iorque (2005) para massagear o ego e por não concordar com a crítica rasteira que era divulgada contra Anita Roddick. Comentava-se à boca miúda que ela ganhava um bilhão de dólares/ano vendendo cremes e sabonetes embalados em idéias humanistas.


 



Manuseei muitos produtos. Nos rótulos: óleo de babaçu… da Cooperativa dos Pequenos Produtores Agroextrativistas de Lago do Junco, no Maranhão, à qual é filiada a Associação de Mulheres Trabalhadoras Rurais de Lago do Junco (AMTR), que em 2005, vendeu 50 toneladas de óleo de babaçu para a empresa britânica e faturou R$ 1,2 milhões.


 



Não fui à Boddy Shop fazer compras, mas retribuir simbolicamente a solidariedade de Anita Roddick para com as quebradeiras de coco, ela se posicionou, corajosamente, contra os crimes do latifúndio: “No Brasil, a Body Shop comprava óleo de babaçu de um fornecedor normal, mas soube da existência de um movimento de mulheres no Maranhão, que estavam sendo expulsas da extração do babaçu por fazendeiros de gado que dominavam a região. A empresa passou a negociar diretamente com uma cooperativa de mulheres e transferir para elas os resultados da operação comercial”.


 



Em Manhatan, arte, histórias e lutas das quebradeiras de coco desfilavam diante de mim… Era como se Raimunda Gomes da Silva, a “Raimundinha dos Cocos” – maranhense radicada em São Miguel do Tocantins, microrregião do Bico do Papagaio, hoje com 67 anos, da Articulação e Coordenação das Mulheres da Amazônia, da Secretaria da Mulher Rural Extrativista do Conselho Nacional do Seringueiro – estivesse lá aos brados: “A vida sofrida das mulheres dos babaçuais é resultado da concentração de terra na região. O babaçu foi privatizado pelos fazendeiros que cercaram as áreas onde eles crescem naturalmente, impedindo a entrada das quebradeiras. É fato que os proprietários de terra continuam agindo com violência, intimidando as mulheres e suas famílias”


 



A luta sem tréguas de Raimundinha dos Cocos foi o passaporte que a tornou uma das 52 brasileiras indicadas ao Prêmio Nobel da Paz-2005, pelo Projeto 1000 Mil Mulheres ao Nobel da Paz Eu e ela somos as duas maranhenses indicadas ao referido Prêmio. É, uma médica e uma quebradeira de coco.


 


O adjunto também é uma festa, uma celebração


 


Na Body Shop, eu era uma criança expectando um adjunto de quebradeiras, que também é uma festa, uma celebração… “Em Graça Aranha e redondezas, no médio sertão do Maranhão, o 'adjunto para quebrar coco' é prática que atravessa gerações, constituindo uma tradição de muito prestígio enquanto forma de trabalho e também de diversão.


 



O dia de adjunto em si é uma festa. Às vezes juntam-se para a quebra de coco até 20 mulheres para dar fim a uma montanheira de coco estocado por alguma delas. A dona do adjunto recebe em sua casa um grupo de quebradeiras e oferece café da manhã (café, leite, pão, cuscuz, beiju e bolos diversos), almoço com carne e servem até doce na sobremesa. Há também outra rodada de café completo na metade da tarde.


 



No fim do dia, pesa-se o coco quebrado por cada mulher. É da dona do adjunto toda a produção de amêndoas e as cascas (que serão usadas para carvão) obtidas durante o dia. A dona do adjunto fica devendo a cada quebradeira o mesmo tanto de quilos de coco (amêndoas) que ela produziu naquele dia. Ou seja, a dona do adjunto pagará a produção para cada mulher no dia do adjunto de cada uma.


 



Quebrar coco em adjunto possibilita em um dia o dinheiro que uma mulher sozinha levaria às vezes até um mês ou mais para conseguir quebrando coco diariamente. Além do que, muitas relatam que a prática do adjunto permite que elas se alimentem melhor, na medida em que é corrente a prática de o almoço de dia adjunto ser uma 'comida de dia de festa'. E em geral é uma festa, pois elas cantam, contam histórias, colocam alguém para 'ler romances' (estórias de cordel)… E também fazem apostas para ver quem quebrar mais coco naquele dia. Dizem: 'vamos porfiar?'


 



Muita gente visita a casa do adjunto. Crianças ficam pelos arredores, todas com 'olhar pidão' para os bolos, os doces e até mesmo o próprio almoço, são os chamados 'espiões de adjuntos' (crianças conhecidas, useiras e vezeiras de 'piruar' os adjuntos).


 


Além do que a música de um adjunto é única. São as macetadas de muitas mulheres ao mesmo tempo nos cocos sobre os machado afiados (há som de machado cego e de machado afiado), que produzem um som inconfundível. De longe se ouve o som de um adjunto. Muitas vezes uma se vira para a outra e diz: 'Mulher, vai amolar teu machado que já ficou cego. Tô escutando. Me dá uma agonia escutar machado cego'.


 


Mas a vida de quebradeira de coco, além da alegria fugaz dos adjuntos, é difícil e expõe as mulheres a vários tipos de doenças, devido às condições inóspitas em que trabalham: calor intenso, ou chuva, ou frio. A incidência de doenças como câncer no útero e problemas de coluna são comuns entre elas e é voz corrente que a maioria morre à míngua, pois o acesso universal à assistência à saúde é quase um sonho inatingível. Às vezes até dá para consultar na sede do município, mas fora isso fazer exames simples como parasitológico de fezes, é uma dificuldade e muitas vezes só com apadrinhamento. Ou seja, direito à saúde é praticamente zero quando não se reside na sede do município”. (1).


 


A presença e a voz de Anita



 
Senti a presença e a voz Anita. Eu a ouvia! “Celebramos mulheres – e não apenas jovens musas”. “Nossas consumidoras nunca se deparam com fotos de modelos, muito menos com anúncios de cremes anti-envelhecimento. Esses produtos são uma grande mentira. Desafiamos o setor de cosméticos de dentro para fora.”


 



Partidária do que chamava de “capitalismo consciente”, Anita fabricava o que rotulava de produtos simples e éticos, a partir de matéria-prima natural, sem uso de agrotóxicos, oriunda de fonte renovável e só utilizava embalagens de materiais recicláveis. Se não foi a criadora, foi a responsável pelo “refil” que veio para ficar. É uma das pioneiras da reciclagem, tão em voga atualmente.


 


 


Desde a abertura da primeira loja que a Body Shop distribuía em suas lojas folhetos explicativos da filosofia da marca; combate aos testes de cosméticos em animais ; e em defesa da reciclagem de embalagens; em defesa do comércio justo . Mas Anita declarou que “Quanto mais envelheço, mais radical eu fico”. As paredes da sede da Body Shop são decoradas com pôsteres dedicados às ditas causas sociais: crianças morrendo de fome, animais ameaçados de extinção e similares.


 



 
A tríade: produtos naturais, propaganda social e embalagem reciclada era o todo do plano de promoção de desenvolvimento social da Body Shop: o “Enlightened capitalism”, idealizado por Anita e Gordon: “Trabalhamos com uma linha de produtos preocupados com idéias, em cujo valor estão embutidos os benefícios às pessoas que ajudam a produzi-los, seja em Gana ou na Índia”.


 


 


Através da Fundação Boddy Shop investiu em organizações como o Greenpeace, Anistia Internacional e Friends on The Eart; iniciativas como “Children on The Edge” e o “Brazilian Hoealth Project”; campanhas a favor do comércio justo com o Terceiro Mundo, a famosa “Trade, Not Aid” – “transação; não ajuda”; etc.


 


 


Anita Roddick era radical no que acreditava


 


Jamais permitiu que seus cosméticos fossem testados em animais empreendeu uma jornada vitoriosa memorável e inesquecível: a campanha contra testes de cosméticos em animais, que tornou a Body Shop um paradigma contra testes em animais no fabrico de cosméticos.


 


 


Através de coleta de mais de 4 milhões de assinaturas, num abaixo-assinado, para pressionar outras empresas na abolição do uso de animais como cobaias nos testes de cosméticos, iniciada em 1996, obteve, em 1998, uma vitória retumbante e para além: o governo decretou a proibição oficial dos testes em animais em toda a Grã-Bretanha.


 


 


Ela declarou: “Conseguimos mobilizar a Inglaterra e proibir o teste de cosméticos em animais. Depois da campanha, 4 milhões de consumidores entraram nas lojas”.


 



Trocando em miúdos, um conjunto de ações políticas inovadoras e cotidianas garantiram um retorno de impactos comunicativos na mídia, gratuitos para a Body Shop, em torno de 96 milhões de dólares anuais, sem o concurso de modelos tradicionais da publicidade. Tais posturas alavancaram a marca Boddy Shop para compor a lista dos “case studies” das marcas de sucesso mundial.


 


 


Em defesa da remuneração para o conhecimento tradicional, Anita disse: “Hoje, não existe nos acordos de negócios nada sobre o conhecimento nativo. A indústria farmacêutica, principalmente, busca os ingredientes e quem produz não recebe por seu conhecimento, mas tem que pagar pelos remédios. Essa é uma atitude de ladrão, o conhecimento tradicional deveria ser reconhecido e remunerado”.


 


 


Em 2001 Anita Roddick era a 4ª. mulher mais rica da Inglaterra e o Wall Street Journal Europe anunciou que ela era um das 30 mulheres mais influentes no mundo dos negócios na Europa.


 


 


Na reportagem “A guerrilheira” ela é apresentada como: “Ativista. Contestadora. Polêmica. Assim é Anita Roddick, a mulher que – ao apoiar causas sociais e criticar o jeito tradicional de ganhar dinheiro – transformou a britânica Body Shop num fenômeno empresarial” (Tania Menai, de Nova York. 28.11.2001).


 



“'Meu recado para essas empresas é o seguinte: as pessoas não querem só sentir simpatia pelo produto, mas também pelas empresas'.


 


 


Da janela do escritório da presidente – uma espécie de ativista, sempre polêmica e muitas vezes explosiva – é possível ver uma placa incrustada no jardim na qual se lê 'Boicote a Exxon Mobil – a maior poluidora do mundo'. Quando o assunto é meio ambiente, Anita costuma ser radical: 'Se você polui, você tem de limpar', diz. Ninguém da Body Shop circula em carros grandes, para economizar combustível e preservar o meio ambiente. É pouco. Mas é uma questão de atitude e até de coerência”. (2)


 


 


Anita não era, a rigor, uma mera ativista… seu tino comercial vislumbrou uma oportunidade de um negócio promissor no campo do politicamente correto, segundo seu sentimento de ambientalista. Era uma mulher empreendedora e sem medo do novo e de desafios, como demonstra a sua história de vida: foi camareira, professora, funcionária das Nações Unidas (Divisão dos Direitos da Mulher da Organização Internacional do Trabalho/OIT) dona de um hotel e de dois restaurantes em sociedade com o marido Gordon Roddick, com quem foi morar 4 dias depois de conhecê-lo. Antes de montar a sua indústria de cosméticos morou em Paris e em Gênova. Viajou meses, como gostava de dizer, no legítimo estilo hippie, pelo Taiti, Austrália, Ilhas Maurício, Madagascar e Sul da África, auscultando outras culturas para sentir o pulso do mundo.


 


Anita foi fabricar cosméticos “por irritação”


 


Uma das leituras mais instigantes que fiz nos últimos anos foi a do seu livro “Meu Jeito de Fazer Negócios” (Negócio Editora). Fiquei fascinada por Anita Roddick que filosofava afirmando que “Negócios são bens públicos e não privados”; “Nem a religião e nem a política são dotados de tanto poder e influência quanto os negócios e a decorrência moral disso é que as empresas devem adquirir consciência assumindo a parte que lhes toca moralmente na resolução de questões sociais”; e que “Os presidentes de corporações de todo o mundo sabem que seus negócios afetam milhões de pessoas. Se não tivermos um código de comportamento… que Deus nos ajude”.


 


Explicita no referido livro que é militante da responsabilidade social das empresas. Em outras palavras, da obrigatoriedade de lutar pelos direitos humanos, pelos direitos dos animais e pela sobrevivência do planeta. Compreendia que “O propósito do negócio, se você está acumulando lucro, é dividi-lo, fazer o melhor que puder para as comunidades”.


 


“Autora de livros como Business as Unusual (em português, algo como Negócios Incomuns) e o recém-lançado Take it Personal (Tome isso como algo pessoal, numa tradução livre), Anita diz que o primeiro passo a ser dado por um empresário rumo à responsabilidade social é agir localmente, perguntando-se: Como trato meus funcionários? As mulheres têm uma creche onde deixar as crianças? Suas famílias estão protegidas? 'Minha prioridade são os funcionários', afirma ela. 'Queremos saber se os estamos tratando bem e sendo honestos.' A Body Shop oferece creche para crianças, filhos de funcionários, até 5 anos de idade. Durante as férias, as crianças mais velhas freqüentam os escritórios e desenvolvem atividades artísticas. 'É uma forma de humanizar o ambiente de trabalho', diz Anita. A sede da empresa, em Londres, tem um grande mural, estátuas, fotos de visitas dos funcionários a comunidades africanas e nicaragüenses (…)


 



A segunda prioridade da empresa são as comunidades fornecedoras


 


'Vários dos nossos funcionários estão na Romênia, construindo novos vilarejos, um projeto que temos há 12 anos', diz Anita. Na Inglaterra há uma lei, intitulada Articles of Association and Memorandum, por meio da qual as empresas declaram suas missões. Na declaração da Body Shop há o compromisso com mudanças sociais e com direitos humanos: 70% de todos os investimentos vão para essas áreas. A empresa promove campanhas na área de justiça social, meio ambiente e desenvolvimento da auto-estima em mulheres jovens (…)


 


 


É claro que Anita usa seu lado radical e ativista em proveito da imagem de seu próprio negócio – e não há nada de errado com isso. Ela também não ignora – nem poderia ignorar – os anseios e as exigências dos investidores, que compram ações da Body Shop desde 1984, quando a empresa abriu capital. Desde então, Anita e seus funcionários tiveram de se submeter a algumas regras. 'Não podemos tirar mais férias e crescer menos, e perdemos a liberdade de jogar com nosso dinheiro', diz ela. 'Temos de manter os acionistas. Com o dinheiro que atraímos, poderíamos construir 20 mil escolas parecidas com uma que inauguramos recentemente no topo de uma colina em Kosovo. Mas também temos de pensar em outro lado. Esse capital nos permitiu construir fábricas maravilhosas para os nossos produtos.' Todos na Body Shop sabem que vender bons produtos e serviços também faz parte da face cidadã de uma empresa. (2)


 


 


Isto é, ela aprendeu a dar sentido cidadão aos lucros dos seus negócios, segundo a visão de mundo que a guiava, que se refletia na forma diferente de relacionamento comercial com fornecedores de matéria-prima, baseada no desenvolvimento sustentável: preservação ambiental e cultural e no respeito à diversidade cultural.
Dizia Anita: “Compramos diretamente das comunidades – assim, elas tornam-se capazes de construir escolas, clínicas médicas e de gerar riquezas”. A Body Shop em tempos de Anita investia cerca de U$ 3,3 milhões/ano nas 25 “comunidades de fornecedores” localizadas na África, Ásia e América Latina. Comprava óleo de gergelim de plantadores de Chiapas, no México; óleo de coco babaçu das quebradeiras de coco do Maranhão; e óleo de castanha-do-pará dos índios caiapós.


 


 A Fundação Body Shop instalou na Amazônia, através da AmazonCoop, cooperativa com 1.400 índios, a Farmácia Verde e um resort ecoturístico (Tataquara Lodge).


 



Anita foi fabricar cosméticos “por irritação”: “Me enfadava o fato de não poder comprar os cosméticos convencionais em embalagens pequenas, pensar que uma grande parte do preço que cobravam por eles era destinado para pagar embalagens tão sofisticadas quanto desnecessárias, ver falsos anúncios prometendo remédios milagrosos, fotos com crianças de 16 anos anunciando produtos anti-rugas para mulheres de 50…”


 



Era pragmática: “Iniciei a The Body Shop simplesmente para criar uma subsistência para mim mesma e para minhas duas filhas enquanto meu marido, Gordon, estava cruzando as Américas” – uma viagem a cavalo de Buenos Aires a Nova Iorque.
Embora repetisse: “Quero ser capaz de trazer meu coração para o escritório”, disse também : “Não vim ao mundo para fazer da Body Shop um negócio cada vez mais bem-sucedido. Vim para ser mãe, avó, esposa, amante e ativista”, dizia Anita. Em 2006, já com diagnóstico firmado de ser portadora de hepatite C – adquirida numa transfusão de sangue durante o parto de sua filha Sam, em 1971 – ela vendeu a Boddy Shop para a L'Oreal, a maior multinacional de cosméticos do mundo, por U$ 1,3 bilhão, mas ela e o marido ficaram com 18% das ações.


 


 


O ativismo é o “aluguel” que pago para viver neste planeta


 


Antes da doença de Anita, o casal Roddick já demonstrava descontentamento com a abertura do capital da Body Shop, pois a pressão sem tréguas dos investidores e suas preocupações com as flutuações da Bolsa os encurralava.


 


Anita, em entrevista à jornalista Tania Menai, não usou meias palavras: “Não podemos tirar mais férias e crescer menos, e perdemos a liberdade de jogar com nosso dinheiro”.


 


A Joel Bakan (autor do livro “The Corporation”, ainda não traduzido para o português) foi enfática: “Têm sido anos muito dolorosos. Tenho sido pouco ouvida. É uma absoluta lição de humildade… É um pacto com o diabo. Você entra no mercado de ações e a ordem é crescer. Só crescer”.


 


Tendo virado apenas uma conselheira da Body Shop, bem antes de vendê-la, declarou: “Embora não me sente mais na mesa dos executivos da Body Shop, continuo investindo meu tempo pesquisando novos negócios para a empresa”.


 


Escreveu em seu blog uma mensagem para os novos executivos que passaram a ter direitos sobre “aquela louca e complicada companhia que eu fundei”: “Seja bravo, seja corajoso, seja diferente. E se ouvirem de alguém que alguma coisa não pode ser feita e que os consumidores não dão a mínima para nada mais que não seja o produto em si, não dêem ouvidos”


 


Antes de morrer ainda teve tempo de articular sua entrada na da luta contra a hepatite C: “Somei minha voz à do Hepatitis C Trust – e a vozes de outras pessoas afetadas pela hep C. Desta forma, fazer campanha com o Hepatitis C Trust tornou-se uma atividade usual para mim. Sempre acreditei que o ativismo é o 'aluguel' que pago para viver neste planeta e sempre tenho procurado celebrar e proteger o corpo humano.


 


Para mim, falar publicamente sobre minha hep C é nada mais do que falar sobre o mesmo sentimento que me fez criar a Body Shop. A vontade de transformar a vida em algo mais interessante…” (3).



 
A derradeira lição que Anita Roddick nos deixou pode ser resumida na frase: “Urge quebrar a redoma do silêncio em torno da hepatite C”.


 


Notas


 


(1). Fátima Oliveira e Jalmelice Luz. PERFIL. Quebradeiras de coco: arte, histórias e lutas. Jornal da Rede Feminista de Saúde, número 26, junho de 2004. Págs. 29 a 34


 


(2). Tania Menai. Anita Roddick: a guerrilheira. 28.novembro.2001.


 


(3). Larissa Saram. Anita Roddick: ativismo contra hepatite C.


 http://br.noticias.yahoo.com/s/10092007/11/saude-anita-roddick-ativismo-hepatite-c.html >


 



* Esse artigo foi publicado originalmente em www.mhariolincoln.jor.br



** Uma versão resumida do artigo foi publicada em O TEMPO, BH, MG, em 25.09.07, com o título: Anita Roddick e as quebradeiras de coco.


 

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