Cabe algo entre supostos extremos?

Duas correntes se esforçam para monopolizar a disputa política no país, em jogo calculado, como cabo de guerra entre dois extremos: “bolsonarismo“ versus “petismo“.

Uma espécie de reprodução, em escala nacional, de uma equação muito comum no âmbito da maioria dos municípios. Entre os cordões azul e encarnado não cabe espaço para nenhum outro matiz.

Ocorre, entretanto, que o Brasil é muito maior e mais complexo do que as arenas locais. E a peleja se dá não apenas em torno do próximo pleito presidencial, há conflitos imediatos na esfera dos três Poderes da República que põem em causa questões de natureza estratégica.

A direita no poder se empenha em desmontar o Estado nacional, fere os fundamentos da democracia e atinge em cheio direitos sociais que dizem respeito às condições de existência do nosso povo.

Mesmo sob correlação de forças francamente adversa, sobretudo no parlamento, chamado a aprovar a agenda econômica ultraliberal do governo, é possível explorar contradições e conquistar vitórias parciais. Desde que nossas forças atuem em conjunto.

Em outras palavras, a resistência é hoje e não obedece rigorosamente ao calendário eleitoral.

E no debate em torno de alternativas para livrar o país da crise nem os que governam, nem os que tentam artificialmente monopolizar a oposição, detêm todo o repertório de propostas.

Urge formular um novo projeto de nação, atualizado, apto a arrostar dificuldades estruturais que travam a economia do país e servem de pano de fundo ao retrocesso civilizacional a que estamos submetidos.

À extrema direita pode até servir essa estratégia eleitoral de “polarização monopolizada”. Mas à oposição seguramente não serve, reduz a resistência ao limitado campo de manobras eleitorais mirando desde agora 2022.

O ato do dia 2 de setembro, em Paulo, que lançou o manifesto Direito já — Forum pela Democracia, aponta o correto caminho da pluralidade e da amplitude. Os que preferiram não participar e se mantém equidistantes enfraquecem a luta comum.

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