Elefante em loja de cristais

 O presidente Jair Bolsonaro logrou ontem alcançar uma proeza: a quase unanimidade nacional na avaliação negativa do seu discurso na abertura da Assembléia-Geral da Organização das Nações Unidas.

A unanimidade não se configurou porque o próprio presidente, sua equipe imediata e as chamadas brigadas digitais que o apoiam celebraram o discurso como uma “vitória”.

O orador conseguiu surpreender negativamente inclusive as correntes políticas e segmentos sociais que rejeitam o seu comportamento e o governo. Seria minimamente razoável que, apesar da reconhecida precariedade do presidente, regras mínimas de civilidade e de observância dos princípios que norteiam as relações diplomáticas fossem por ele consideradas.

Porém a verdade é que Bolsonaro se comportou com a pequenez que lhe é habitual, perdeu a oportunidade de se dirigir ao concerto das nações e falou essencialmente para a sua base social e política de extrema direita radicalizada, estimada nas pesquisas em pouco mais de vinte por cento dos brasileiros.

Desnecessário aqui repetir as inúmeras observações críticas que a unanimidade da grande mídia, inclusive, tem reverberado — da agressividade com que atacou países membros da ONU às inverdades a propósito do trato que seu governo vem dando à sustentabilidade ambiental.

Uma agência empenhada em conferir a fake news e impropriedades em discursos de autoridades e personalidades públicas anotou, de 11 afirmações peremptórias de Bolsonaro, apenas duas verdadeiras.

Na verdade, mais uma vez se confirma que o Brasil está sendo governado por uma personalidade absolutamente despreparada para o cargo que ocupa e que não tem uma percepção precisa das consequências negativas de sua conduta na ONU para a inserção do Brasil na cena mundial.

Por exemplo, o tratamento absurdamente equivocado e inconsequente que vem dando à questão ambiental simplesmente retirou do Brasil o protagonismo internacional que havia conquistara no trato dessa matéria desde a Conferência Mundial do Clima ocorrida no Rio de Janeiro, em 1992.

Além disso, são evidentes as consequências nefastas as relações comerciais, afetando diretamente a exportação de produtos primários brasileiros para nações de várias regiões.

E assim entra para a História o dia em que o presidente do Brasil se comportou diante do mundo como um elefante desorientado em loja de cristais.

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