16 anos depois do acidente, a nova “chance” de Alcântara

 O Brasil não é para amadores e não traça planos por acaso. A conferir.

Há exatos 16 anos, em um 22 de agosto, Alcântara foi testemunha da maior tragédia da história aeroespacial brasileira, em um acidente que deixou 21 mortos e uma perda irreparável para a ciência nacional. Este ano, a memória dos técnicos do Centro Técnico de Aeronáutica (CTA) ganha nova força, em um contexto de retomada da política e do potencial do país de ingressar no mercado internacional da tecnologia de ponta, depois do Acordo de Salvaguardas Tecnológicas (AST), selado com o Governo dos Estados Unidos, avançar na Câmara dos Deputados.

Com o aval de parlamentares de blocos políticos antagônicos, integrantes da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, a política nacional começa a mostrar alguma convergência no cenário mais polarizado de sua história recente. Na audiência, realizada ontem (21), embora fossem críticos às medidas de Jair Bolsonaro (PSL), a oposição foi firme ao definir que medidas governamentais passam, mas as políticas de Estado permanecem. Muitos deles lembraram, também, o caminho que o Brasil pretende trilhar rumo ao futuro.

Sabendo que os recursos de satélites afetam diretamente a administração de fronteiras, o monitoramento da Amazônia, a vigilância da costa e das reservas de petróleo, a prevenção das condições climáticas para a agricultura, a educação à distância, a comunicação, o entretenimento e os negócios, em busca da convergência, permitiram sua continuidade, apesar das ressalvas. Estas, muito necessárias, se considerarmos que a presidência da Comissão em que o Acordo foi analisado é ocupada pelo membro 03 do clã de Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).

Ainda mais imprescindível se lembramos que o Acordo, depois de percorrer todos os trâmites do Congresso, estreitará as relações do país com os Estados Unidos, nação abertamente interessada na nomeação de Eduardo como embaixador brasileiro em seu território. E que o Acordo, embora tenha a premissa de salvaguardar as tecnologias das duas partes envolvidas, precisa ser vantajoso para a cidade que assistirá, novamente, ao desembarque de cientistas interessados em explorar as vantagens já tão difundidas sobre Alcântara e sua localização privilegiada.

Ou para o Estado, que tem feito esforço de garantir que o Acordo se concretize, embora os passivos sociais com as comunidades tradicionais, já tão afetadas pela implantação do Centro de Lançamentos, em 1983, sejam reparados. E ainda mais para o Brasil, que precisa ter garantias de que, de fato o R$ 1 bilhão de receita anual prevista seja um montante real e não mais mentira camuflada de verdade, como tantas difundidas pela ala bolsonarista. E que, sendo factível, estes recursos sejam convertidos em avanços para a população, que assiste, inerte, o desenrolar de algo que a afetará mais do que imagina. O Brasil não é para amadores e não traça planos por acaso. A conferir.

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