Amor e ódio ao smartphone

 Com os smartphones — essa engenhoca ultramoderna no mercado (em sua forma “primitiva”) desde 1994 — acontece o mesmo que em relação a todas as invenções tecnológicas de ponta: amamos e odiamos ao mesmo tempo.

Esse duplo e contraditório sentimento chega a limites extremos.

Ouvi de um cidadão bem posto, jeitão de executivo de empresa ou professor universitário, incomodado com o atraso dos voos no Aeroporto de Guarulhos:

— Para que inventaram o avião! Deu nisso: a gente espera esse tempo todo feito idiota! Melhor viajar de ônibus!

Claro que não. O dito cujo jamais trocará as duas horas e quarenta e cinco minutos de voo até o Recife pelas quase quarenta e oito horas de ônibus para o mesmo destino.

Mas a raiva confunde a gente, faz perder o juízo…

Em relação aos smartphones, precisamente ao mesmo tempo recolhi dois desabafos simultâneos.

— “Meu Deus, que felicidade ter esse aparelhinho que me conecta com o mundo e a minha aldeia!”, twittou o estudante de nossa rede municipal.

Em sentido contrário, o desabafo da amiga:

— “Quero deixar registrado que jogarei meu iPhone SE 16GB no lixo, devido a incapacidade de armazenar meus app’s, fotos e vídeos. Quem tiver interesse basta passar em Maria Farinha, na minha rua tem um coletor!”

Entre o entusiasmo delirante e a frustração bem humorada, a percepção de que mesmo a tecnologia da Guerra nas Estrelas tem lá suas insuficiências.

E nada, absolutamente nada, substitui a comunicação direta entre as pessoas, olhos nos olhos.

O olhar é a forma primária de comunicação do ser humano. Traduz esperança, afeto, paixão e euforia ou decepção, tristeza, desamor, ódio…

Ao olhar se somam o gestual e a voz.

Ao vivo.

Pelo Skype não vale.

Mesmo a ligação em vídeo pelo WhatsApp, muito útil, também não substitui o calor do encontro, o fascínio do diálogo tête-à-tête, como dizem os franceses.

Nem por isso deixaremos de nos comunicar pelas via eletrônica.

E assim caminha a Humanidade.

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