O diálogo, proposto pelo Brasil de Lula

Ao referir o “Brasil de Lula”, delimito a época em que foi possível aos brasileiros elegerem para o mais importante cargo da República – de Presidente – um homem do povo que se formou e cresceu extraindo da cultura nacional e da gente brasileira mais combativa e solidária, a riqueza de sentimentos e de vontade de lutar por uma sociedade melhor. Oito difíceis anos se passaram e Lula é cada vez mais querido, com mais de 80% de apoio nacional – sem contar as crianças e adolescentes que ainda não expressam o seu querer.

A oposição fez de tudo para atrapalhar usando as armas do sistema capitalista: corrupção para quebrar a imagem política do país, intrigas como um ping-pong para aumentar a receita da mídia, crime organizado para aterrorizar as populações, prática de escravidão de trabalhadores em grandes empresas rurais e de crianças exploradas na produção de carvão ou outras, utilização de produtos tóxicos em indústrias alimentares (caso do leite, por exemplo), contaminação de rios e mares com despejo de produtos químicos nocivos, desmatamento e destruição da natureza, e tantos outros crimes que antes passavam despercebidos quando o poder era regido pela velha oligarquia herdeira da colonização no século XVI. A oposição à democracia tentou manter o desmando de sempre para responsabilizar o primeiro governo popular que foi conseguido com a determinação do povo conscientizado pelas lutas sociais.

Acompanhando essa trajetória os antigos integrantes da oposição foram despertando para o trabalho, efetivo e sério, da equipe formada por Lula. Descobriram que um governo que tem por meta a democracia é capaz de estudar as propostas de todas as forças sociais, mesmo das que não tenham sido seus eleitores. E a população vai explicando que quer o prolongamento dos governos de Lula porque recebeu benefícios (nada tem a ver com a venda do voto) reais e objetivos: milhões de famílias saíram da miséria, milhares de trabalhadores escravizados receberam a proteção previdenciária, as crianças foram para as escolas, a população foi vacinada e viu decrescerem o número de vítimas da AIDS, zonas que sofriam com as secas receberam cisternas, habitações longe de cidades passaram a ter luz elétrica, meninos e meninas de rua encontraram caminho para os seus talentos artísticos, científicos, humanos, milhões de casas populares são construídas. Tanta coisa … até os mais ricos ficaram felizes porque a crise que afundou o mundo capitalista respeitou a capacidade produtiva instalada no país e assegurada pela estratégia administrativa do Estado.

E a oposição murchou e perdeu a validade e o sentido. Só um inimigo do Brasil, país que encontrou o rumo do desenvolvimento real, pode ser oposição. O eleitor precisa ser muito alienado para pretender afundar o barco em que navega com segurança!

Lula presidiu um Governo a favor do Brasil como um todo: povo, empreendedores, artistas e cientistas, brasileiros de todas as cores e quadrantes ideológicos. Formou uma equipe que dará seguimento a esta obra democrática e reconheceu em Dilma Roussef a capacidade para formar o novo governo. Será eleita pelo eleitorado consciente.

Se ficarmos só com o entusiasmo pelas mudanças saudáveis que todo o mundo hoje admira, pareceria um milagre. Mas, na verdade, há uma base concreta e científica neste edifício político: o respeito pelo outro, o diálogo, a abertura para dar e receber conhecimentos. A vontade democrática.

A mídia, para se manter na oposição, critica o apoio de Lula aos direitos do Irã e aponta como derrota o ter ele sido levado a assinar o documento da ONU que prescreve o controle para que o mesmo Irã não crie a bomba atômica. Onde está a derrota? O Brasil integra democraticamente um conjunto de nações na ONU, faz as suas propostas e pode ser voto vencido em algum momento. Vai aceitar o voto da maioria. Isto é democracia, coisa que a mídia, especialmente a Globo, desconhece.

A posição do Brasil é muito profunda: abriu-se para salvar a mulher condenada a morrer apedrejada devido a uma característica preconceituosa da cultura dominante no Irã. Certo, ainda bem que Lula é emotivo e solidáriamente humano, os brasileiros, em geral, também são. Mas, reconhece que cada nação tem o direito de defender a sua cultura e aceita a negativa do Governo iraniano. Deixou a sua proposta humanista, de se rever preconceitos antigos à luz da democracia e do humanismo. Um dia poderá vicejar em todo o planeta.

Contra a produção de armas atômicas todos os brasileiros (ou quase) são. Penso mesmo que todo o planeta é contra, porque não quer se auto-destruir. Pode-se dizer que nenhum povo jamais aprovou o uso da bomba atômica. O domínio imperialista é que levou os Estados Unidos a cometerem este crime. A nação norte-americana pediu perdão aos japoneses no recente aniversário da destruição de Hiroshima e Nagazaki. O povo norte-americano já vinha pedindo este perdão desde o dia em que as bombas foram atiradas. Foi um crime hediondo, imperdoável, causado pelos donos imperialistas do poder norte-americano. É o imperialismo que deve ser extirpado para impedir o uso das armas atômicas, não os países que se vêm levados a construir armas para se defenderem.

A única maneira pacífica de ser superado este virus planetário – o imperialismo – é através do diálogo, a receita de Lula e sua equipe, a receita brasileira.

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