Ayatollah Araki, um missionário da Paz! Mas, qual Paz?

A visita do Ayatollah Araki ao Brasil vem causando debates, especialmente após a máquina de propaganda pró-Israel entrar em ação.

Como de praxe, tentam difamar qualquer crítico à política de ocupação israelense e imputar-lhe o título de “antissemita”. Até mesmo judeus críticos a Israel são assim considerados, a exemplo do intelectual judeu-israelense Dr. Normal Finkelstein que teve seus direitos de cidadão israelense suspensos e foi proibido de entrar novamente no país.

O clérigo xiita, Ayatollah Araki, se coloca como mensageiro da Paz, mas suas posições firmes, contra os poderosos estados difusores da violência no Oriente Médio, acabam por provocar uma onda propagandista de difamação. Há aí duas questões a serem feitas: 1 – quais são suas posições controversas em relação à paz; 2 – o que é paz?

Paz sem voz, não é paz. É medo!

A música de O Rappa brilhantemente nos diz o que não é paz: estar na condição de opressão e se calar diante dela. A reação à opressão e violência é parte integrante da própria paz. A não reação pode dar uma sensação falsa de paz, mas a aceitação da situação desumana é estritamente contrário ao conceito de paz que devemos buscar. A Paz, portanto, pressupõe a libertação dos povos que sofrem com ocupação, expulsão de suas terras, ataques terroristas, invasões, subjugação de seus direitos humanos, etc.

Neste sentido, Ayatollah Araki se posiciona firmemente contra os opressores e utiliza todos seus discursos para se solidarizar com os oprimidos. Naturalmente, portanto, se coloca contra o Estado de Israel na sua política genocida de expansão e subjugação do povo palestino; assim como se coloca inflexivelmente contra os atos de terrorismo de grupos intitulados ”islâmicos”. A sua visita ao Brasil e missão de “peregrinação” ao mundo é justamente para alertar os muçulmanos de seu papel e dever ativo no combate ao terrorismo destes grupos que cometem atrocidades e ainda deturpam toda a mensagem do “Islã”.

Quando achamos que a insensatez atingiu seu auge ao se acusar um judeu de “antissemita”, nos deparamos com a acusação de “apoiador do terrorismo” a um ativista que sai em missão pelo mundo e dedica sua vida no combate ao terrorismo. Aliás, não é de se estranhar que ambas “insensatezes” são perpetradas pelos mesmos grupos de sempre, em geral apoiadores assíduos do estado israelense e sua política externa.

Penso, logo Resisto!

A resistência de qualquer povo que sofre ocupação é um direito internacional inalienável. Ayatollah Araki não só levanta sua voz contra os genocídios perpetrados por estados beligerantes e por grupos terroristas, como também apoia os que resistem a ambos. Na luta de resistência, o partido libanês Hezbollah surge no início da década de 1980 para fazer frente à ocupação israelense ao Líbano. Seus combatentes impuseram grandes derrotas ao exército mais bem equipado e desenvolvido da região, obrigando Israel a recuar. O “Partido de Deus” (Hezbollah) é portanto símbolo da Resistência e Libertação Nacional Libanesa, admirado por todos os libaneses e nacionalistas. A resistência foi a forma de sobrevivência do povo libanês e de preservação da dignidade e soberania nacional. Costumam, os libaneses, a parafrasear Descartes: Resisto, logo Existo!

Hoje o Hezbollah é também símbolo de luta contra o terrorismo. O grande feito em proteger as fronteira libanesas contra o avanço de grupos terroristas – como a Al Qaeda e o “Estado Islâmico” – somado a luta por proteger os cristãos na Síria, ampliou o status de heróis aos combatentes do Hezbollah em todo Oriente Médio.

É natural que algumas potências utilizem uma máquina de propaganda para tentar desqualificar qualquer resistência aos seus projetos de dominação regional, incluindo acusações infundadas em envolvimento com atentado. Os ataques abrangem também todos os simpatizantes e solidários às resistências e Ayatollah Araki não sairia imune desta campanha.

O Brasil sempre esteve e estará de braços abertos a todos que buscam contribuir com a Paz e não permitirá que preconceitos e desinformações inibam a tolerância e harmonia entre os povos do mundo e todas as religiões e filosofias pacíficas, sejam judeus, muçulmanos, cristãos, budistas, harekrishnas, ateus. Somos todos seres humanos e nosso dever é buscar as informações fidedignas para não cair em preconceito e nos somarmos à luta pela Paz no mundo.

Seja bem-vindo, Ayatollah Araki, para somarmos nossas vozes contra o terrorismo.

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