MDB de Temer admite fracasso do seu governo, mas culpa o tempo

Ao dar um golpe contra a democracia, Michel Temer e a cúpula do PMDB ligada a ele lançaram o "ponte para o Futuro" prometendo tirar o Brasil da crise e gerar emprego. Há quatro meses de encerrar o seu governo, a mesma cúpula do MDB lança uma carta aberta à nação para admitir que fracassou.

Jucá e Cunha - Reuters

Com mais de 13 milhões de desempregados, indústrias fechando e o aumento da população na pobreza, o agora MDB disse não ter tido tempo para implementar plenamente suas propostas e tenta surfar na popularidade de Lula para vitaminar a candidatura do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles

“Queremos continuar o trabalho apenas iniciado. Não tivemos tempo para implantar e desenvolver plenamente nossas propostas”, diz a carta assinada pelo presidente nacional da legenda, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (RR), e pelos presidentes das demais estruturas do partido.

O documento cita o histórico de Meirelles como presidente do Banco Central durante o governo Lula e faz elogios a sua política à frente do Ministério da Fazenda, responsável pela emenda 95, que congela os investimentos públicos por 20 anos.

“Daí a decisão de lançar a candidatura de Henrique Meirelles à Presidência da República. Na encruzilhada em que nos encontramos, é tentador tomar a via mais curta, propondo soluções fáceis para problemas complexos. Que ninguém espere isso de nós”, diz outro trecho da carta.

A carta também tenta convencer os correligionários a bancar a candidatura de Meirelles que enfrenta resistências dentro do MDB, principalmente no Nordeste. Jucá e o próprio Meirelles garantem ter os votos suficientes para aprovar o seu nome confirmado como candidato na convenção do partido no próximo dia 2, em Brasília.

A carta garante que “Henrique Meirelles será o primeiro presidente da República do MDB eleito pelo voto direto”.

Em entrevista ao jornal Valor Econômico, Jucá comentou como a legenda vai reagir aos ataques que virão na campanha eleitoral, Jucá respondeu: "Quem vai falar da Lava Jato? O Janot (Rodrigo Janot, ex-procurador-geral da República) tentou, irresponsavelmente, extirpar a classe política e os partidos. Pegou uma metralhadora giratória, forjou delações, montou gravações. As investigações contra o MDB estão sendo arquivadas. A gente tem que dar tempo para a Lava Jato decantar". Jucá foi flagrado em gravação antes do golpe de 2016 em que defendia um "grande acordo nacional, com o Supremo com tudo" para estancar a Lava Jato.