Começou a copa, e com ela, os comentários racistas

 René Simões é um excelente técnico. Estudioso, é um sofisticado analista de futebol. Em especial num cenário anêmico, desidratado de criatividade.

Por Juarez Xavier*

Salah - Divulgação

Mas ele não resistiu. Sucumbiu ao peso do senso comum.

No jogo Uruguai x Egito, sapecou:

"Estamos acostumados com os africanos fortes e indisciplinados, mas o time do Egito tem uma disciplina tática muito boa, graças ao seu técnico, que é português".

Esse é um fragmento do que sobrou nos escombros do discurso racista do século 19.

Os europeus são racionais e disciplinados. Os africanos são emoção ingênua e indisciplina.

No meio da enxurrada de banalidades, esse comentário racista passa batido. Mas é perigoso.

Ele naturaliza percepções. Fortalece o preconceito. Justifica a segregação e o racismo.

Nas copas passadas, colou-se nos jogadores africanos a etiqueta de "ingênuos".

Isso ficou e é repetido por todos os "especialistas".

O racismo precisa ser combatido em todas as suas modalidades.

Desnaturalizá-lo é fundamental!

Isso não é comentário esportivo!

É racismo!