Qual é a pauta das eleições?

Como uma democracia ainda em fase de consolidação, é compreensível que no Brasil em cada eleição abunde candidatos e faltem propostas, ideias claras, de como enfrentar os problemas estruturantes que se arrastam há séculos.

Nessas eleições, tanto a nível nacional como nos estados – com as exceções de praxe, que desconheço – não é diferente. Em torno de 06 candidatos já se insinuam como pretensos pretendentes à cadeira atualmente ocupada pela presidenta Dilma Rousseff. No caso do Amazonas em torno de 11 candidatos se apresentam como alternativa, sem dizerem o que seria diferente num eventual governo que o povo lhes concedesse. Por isso mesmo não resta dúvidas que uma enquete rigorosa teria enorme dificuldade de fazer com que o eleitor conseguisse identificar qual é, de fato, a plataforma, o programa, de qualquer um desses candidatos, sugerindo que a disputa se dá mais pelo eventual espaço de poder político do que propriamente por uma opção programática.

O razoável seria que os pretensos candidatos, a começar pela presidenta Dilma Rousseff, dissessem claramente o que pretendem fazer, uma vez eleitos, para enfrentar e resolver desafios como, por exemplo, a ampliação das liberdades democráticas (efetiva liberdade de imprensa, judiciário democrático e popular, parlamento e executivo com mais independência a partir da proibição de empresas financiaram candidatos); a ampliação dos direitos sociais e trabalhistas do povo (salário mínimo compatível com a necessidade real da família, universalização do trabalho, educação, saúde e dos direitos civis); incremento tecnológico, científico e financeiro, que possibilite o desenvolvimento de uma politica de defesa autônoma, capaz de repelir provocações e agressões, bem como que assegure um grande crescimento produtivo ao setor primário, secundário e terciário, visando elevar o país a um novo patamar de desenvolvimento e de superação das desigualdades regionais.

No caso especifico do Amazonas, além das diretrizes gerais da política nacional, é necessário que os candidatos digam – se é que tem alguma coisa a dizer – como enfrentarão desafios históricos na área Administrativa, Infraestrutura, Desenvolvimento Econômico e Apoio Sociocultural, destinado a resolver o histórico atraso socioeconômico do estado.

Ou seja, é preciso dizer como se vai administrar um estado continente como o amazonas, a partir de um único ponto administrativo que é Manaus, que dista a mais de 1 mil km de alguns municípios; como se vai resolver o problema de logística num estado cuja precariedade de infraestrutura tem condicionado o seu desenvolvimento em todos os sentidos; não menos importante é responder como o estado, de fato, vai desenvolver alternativas econômicas sustentáveis, baseado na sua realidade econômica, sem depender exclusivamente do modelo Zona Franca de Manaus, quase meio século depois de sua criação; e como essa política se reverterá em benefícios reais para o conjunto de nossa sociedade não apenas para aumentar o patrimônio de algumas poucas transnacionais que aqui se instalam na busca de seus incentivos fiscais.

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