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Politizar, mobilizar e organizar a ação partidária para vencer

As convenções partidárias de junho próximo obedecem à legislação eleitoral, mas igualmente ao esforço de preparar o partido para enfrentar a etapa decisiva de luta pelo sucesso do projeto político-eleitoral de 2010.

Por Walter Sorrentino*

Elas terão importância política no cenário local, porquanto definem oficialmente o posicionamento do PCdoB quanto aos candidatos a governador e vice-governador, duas vagas ao Senado e respectivos suplentes, bem como as coligações partidárias e a lista de candidatos comunistas a federal e estadual. No plano nacional a marca central, que subsume as demais, é o apoio definido pelo PCdoB à pré-candidatura de Dilma Rousseff à presidência da República.

Sendo uma força política em ascenso, é natural que as convenções do PCdoB motivem a atenção dos meios de comunicação, da sociedade em geral e do mundo político em especial. Por essa razão, as direções, a militância e em particular os candidatos podem realizar um grande esforço de mobilização de filiados, simpatizantes, amigos e apoiadores de nossas candidaturas. Nesse sentido, corresponde a uma demonstração de força política e prestígio junto aos aliados.

Espera-se, portanto, que as convenções estaduais sejam eventos de expressão marcados pela politização, armando nosso campo político com argumentos e perspectivas para a refrega eleitoral.
Por outro lado, elas correspondem também a um estágio do esforço de estruturação partidária. É bem verdade que, diferentemente da tradição partidária, a construção do projeto eleitoral em cada Estado vem de um esforço já de dois anos, desde o término das eleições de 2008. Natural, portanto, que o tema esteja bem debatido e conhecido pelos militantes. Entretanto, as definições finais são temas cruciais para o sucesso da caminhada. Elas incluem questões como as candidaturas, coligações, estimativa de votos necessária para vencer, prioridades, divisão de esforços militantes na sustentação do projeto, recursos, TV, relação com aliados, comitês de campanha e núcleos coordenadores, coleta de recursos materiais etc.

O fato é que as convenções têm papel ativo nessas definições, pelo que não devem ser subestimadas enquanto instância efetiva de debate, deliberação e coesão de todo o partido. Isso compreende desde a exigência de incorporar a todos nas definições, até o de planejar a campanha de modo coletivo, ativando todas as organizações partidárias como fator decisivo da vitória.
As normas apresentadas pelo Comitê Central para a realização das convenções e nossa própria experiência extensa nesse terreno indicam, entretanto, que sua preparação desde os comitês municipais é fator de grande incremento na compreensão do projeto e unificação em torno dele, desde a base. É por aí que se constrói a coesão das fileiras militantes.

Por isso, as delegações às convenções municipais devem ser extraídas, no mínimo, de reuniões dos comitês municipais, quando não mesmo de conferências municipais mediante assembleias de base, plenárias de militantes e filiados, com base no debate de um documento do Comitê Estadual contendo as resoluções em deliberação.

Ligado a isso, dois aspectos podem ser reforçados. Primeiro, abrir amplamente as portas do partido para uma nova onda de filiações, aproveitando não só o esforço eleitoral como também o da realização da Conferência Nacional das Classes Trabalhadoras, a Assembleia Nacional dos Movimentos Populares e o Congresso da UJS.

O outro é o de aproveitar a mobilização das convenções para resgatar e ativar o funcionamento das organizações militantes nos seus locais de atuação, potenciando a ação política coletiva. Como se costuma dizer, isso exige uma pauta política, uma agenda da base e o apoio de quadros voltados exclusivamente a essa importante tarefa. Pauta e agenda, neste período eleitoral, é que não faltarão; ao contrário, nunca como nesses períodos ela é tão objetivada e imperiosa. Quanto aos quadros intermediários, a questão envolve grande responsabilidade das direções, no sentido de não se bastarem ou aceitarem uma campanha feita apenas “por cima”, para a qual nunca há recursos financeiros suficientes, enquanto se relega a mobilização militante a um segundo plano. Além de ineficaz, isso é um desserviço ao partido e desmotiva a militância.

Não se deve subestimar nem um nem outro papel das convenções eleitorais. Elas serão um teste prévio de forças e unidade em torno do projeto eleitoral do PCdoB, bem como de esquentamento da mobilização máxima – não só dos militantes, como também dos amigos, simpatizantes, apoiadores e eleitores – para a etapa derradeira da campanha, de julho a setembro.

As normas elaboradas pelo Comitê Central deixam ampla margem de manobra para que cada estado as adapte às circunstâncias políticas, levando em conta a realidade política do estado, os interesses de nosso campo político e o grau relativo de estruturação partidária. O importante é que cada comitê estadual seja rigoroso no cumprimento das exigências legais porque disso depende não só o projeto, como também o do nosso campo político. Por isso elas permitem fixar prazos em consonância com a realidade política de cada caso. Do mesmo modo, propõem rigor nos compromissos partidistas, como por exemplo, seguir perseguindo consolidar a Carteira Nacional Militante (CNM) 2009-2010, como fator educador e condição para votar nas conferências. Trata-se de organizar a renovação de pagamento da anuidade para manter em efeito a CNM bienal conforme o aprovado no 12º Congresso.

Os candidatos comunistas devem vanguardear toda essa missão. Eles serão várias centenas e os principais líderes em evidência na batalha. Precisam ter inteira clareza de que, junto com a busca do voto, é preciso saber cuidar sempre da base comunista, sua motivação e mobilização organizada. Ao lado deles, é importante a maior participação das lideranças partidárias do movimento social, bem como os que atuam em frentes institucionais. Seja para o debate partidário, para liderar a campanha de nossos candidatos e ajudarem a sustentar o esforço de campanha, o papel deles é decisivo.
De fato, o PCdoB se prepara há quase dois anos para enfrentar essa batalha. Com Dilma candidata a presidenta, o partido ocupando posição coerente e avançada em todos os estados nesse apoio, disputando eleições a governador, senador e deputados, em 2010 o PCdoB ampliará sobremaneira seu diálogo com a sociedade e concorrerá para o Brasil avançar no rumo aberto no governo Lula.

*secretário nacional de Organização