De Olho no Mundo, por Ana Prestes

Um resumo diário das principais notícias internacionais

Trump

O próximo final de semana, em especial o sábado 23 de fevereiro, é visto como um ponto chave na crise que os EUA têm imposto à Venezuela desde janeiro. Um mês após a autoproclamação de Juan Guaidó como “presidente encarregado” do país, opositores estão mobilizando “voluntários” para irem até a fronteira com a Colômbia. Tudo indica que será criada uma situação limite para a entrada da suposta “ajuda humanitária” pela fronteira a partir de Cúcuta da Colômbia. Em resposta ao que chama de “circo” montado na fronteira, o governo Maduro anunciou a realização de um festival nos dias 22 e 23 com artistas venezuelanos que inclui um concerto pela paz e pela vida na ponte Simón Bolivar que liga San Antonio (Venezuela) a Cúcuta (Colômbia). O nome do concerto será: “Manos fora de Venezuela”. Do lado colombiano também está programado um “grande show”, chamado “Venezuela Aid Live”, financiado pelo empresário britânico Richard Branson.

 
O presidente chileno, Sebastian Piñera, informou que estará em Cúcuta, na Colômbia, ao lado do presidente Iván Duque, para a entrega da “ajuda humanitária” aos Venezuelanos.
 
Enquanto a imagem da situação é borrada com anúncios de shows de artistas e desfile de voluntários de jalecos brancos preparados para entregar caixas de comida, a dura realidade ocupou boa parte da imprensa ontem com notícias como a do jornalista britânico Tom Rogan (ver notas de ontem) e denúncias como a do chanceler espanhol Josep Borrell sobre a preparação de um assalto militar à Venezuela por parte dos EUA e aliados. Detalhes sobre o Grupo de Ataques com Porta Aviões que deixou a Flórida em janeiro e se aproxima da Venezuela podem ser obtidos em várias matérias que circulam na imprensa brasileira e mundial.
 
Trump fez ontem (18) ameaças aos militares venezuelanos. Segundo ele, caso insistam em apoiar Maduro, “não terão porto seguro, nem saída fácil ou outro caminho. Vocês vão perder tudo”. Trump disse ainda, ao longo do discurso: “os dias do socialismo estão contados não só na Venezuela, mas também na Nicarágua e em Cuba”.
 
O Japão foi o último país a reconhecer a o auto-proclamado “presidente encarregado” da Venezuela, Juan Guaidó. Segundo o ministro das Relações Exteriores, Taro Kono: “nosso país pediu eleições antecipadas, mas infelizmente as eleições ainda não aconteceram. Considerando as circunstâncias, nosso país apoia claramente o presidente provisório Guaidó. De novo pedimos ao país que celebre eleições livres e justas”. Cerca de 50 países anunciaram reconhecer Guaidó.
 
A Plataforma Cidadã em Defesa da Constituição da Venezuela, coordenada por ex-chavistas ou “chavistas críticos”, como Rodrigo Cabezas (ex-ri do PSUV) e Edgardo Lander (intelectual), reuniu-se ontem com Juan Guaidó para rechaçar a presença norte-americana no país e dizer que são parte da oposição, apesar de não reconhecerem o autoproclamado como presidente constitucional da Venezuela. Eles propõem um referendo consultivo para legitimar todos os poderes públicos do país. Defendem também imediato diálogo com Maduro.
 
Na Argentina, cerca de 5000 pessoas marcharam ontem até a Embaixada dos EUA em Buenos Aires em protesto contra a ameaça de invasão militar da Venezuela.
 
Uma região recorrentemente tensa, a Caxemira, voltou a ser motivo de ataques mútuos entre o Paquistão e a Índia. Na quinta passada (14) um carro-bomba explodiu, atingindo um automóvel com policiais. Mais de 40 pessoas morreram. O grupo Jaesh-e-Mohammed (JeM), sediado no Paquistão, assumiu o ataque. O grupo luta contra o domínio da Índia sobre a Caxemira. Como resposta, o governo da Índia retirou seu principal diplomata do Paquistão. O governo do Paquistão também convocou seu embaixador na Índia para consultas. Índia e Paquistão disputam a integralidade da Caxemira desde o final da 2ª guerra. A região é uma das mais militarizadas do mundo.
 
Dezesseis estados norte-americanos entraram na justiça ontem (18) contra o governo Trump, após ele ter declarado emergência nacional para a construção do muro da fronteira sul. Os Estados argumentam que Trump desrespeitou a separação dos poderes. Com o estado de emergência declarado, Trump conseguiu 6,7 bilhões para além dos 1,4 bilhões aprovados pelo Congresso para o orçamento de 2019 na rubrica “segurança na fronteira”.
 
Na Nicarágua, o governo de Daniel Ortega reuniu-se na última sexta (16) com um grupo de empresários representativos do setor privado do país. É o início do diálogo com um setor que apostava na desestabilização do país que iniciou em abril de 2018 com seguidos protestos contra o governo. O arcebispo de Manágua e o núncio apostólico da Nicarágua participaram como representantes da igreja católica mediadores dos diálogos. Membros do governo também se reuniram com representantes da OEA nos últimos dias em um processo de reconstrução de pontes com a entidade.
 
Sete parlamentares do Partido Trabalhista britânico deixaram ontem (18) o partido por discordâncias com o presidente Jeremy Corbyn. Dizem que serão um novo grupo independente dentro do Parlamento britânico. Corbyn tem sido criticado por não conseguir unificar o partido e traçar uma estratégia clara que capitalize para os fracassos de Teresa May na condução do Brexit.
 
Mulheres argentinas realizam hoje o #19F – Dia de Ação Verde pelo Direito ao Aborto em frente ao Congresso Nacional em Buenos Aires.
 
Na Europa, uma onda de jovens manifestantes ambientalistas se levantou na Bélgica, e agora se organiza na França e no Reino Unido. Há uma convocatória de greve mundial para o próximo 15 de março. Os protestos são contra as medidas insuficientes contra as mudanças climáticas.

De Brasília, Ana Prestes