Eunício sobre votações: ‘Não me importo se Bolsonaro gostará ou não’

Eunício Oliveira (MDB), presidente do Senado, disse em entrevista ao estadão que não está preocupado se o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), vai ficar satisfeito ou não com as votações da Casa.

Eunício - Marcos Brandão/Agência Senado

“Ah, o Bolsonaro diz que não gostou. Não estou preocupado se vai gostar ou não. Qual o motivo de eu, como presidente de um Poder, vou procurar o presidente eleito de outro Poder para perguntar o que ele quer? Parece um oferecimento, de disposição para se credenciar para alguma coisa. Zero”, declarou.

Sem ter a sua reeleição, Eunício demonstrou que a sua agenda não está pautada no novo governo. Ao ser questionado se alguém da equipe econômica de Bolsonaro ou o ministro Onyx Lorenzoni, resposável pelo governo de transição e futuro ministro da Casa Civil, o procurou, o senador foi irônico.

"Você acha que Onyx vai me procurar? Não vai. Tive o cuidado de dizer que nós estamos reduzindo os incentivos em torno de 40%, se não amanhã (dizem que é) pauta bomba", declarou Eunício, reforçando que comunicou ao Paulo Guedes, futuro ministro da Fazenda e outras pastas, que estava prorrogando a votação do orçamento duas vezes.

"Ele [Paulo Guedes] disse: ‘Ou você vota a reforma da Previdência ou o PT volta’. Primeiro que eu não estou preocupado com volta ou não do PT. Quem deve saber o que quer para a frente, quem assumiu a responsabilidade de governar o Brasil, infelizmente, não fui eu. É fácil levantar todos os projetos que estão na Câmara e no Senado que podem ser pautados. Até o último dia em que eu for presidente, ninguém vai interferir nesse Poder, a não ser por entendimento, por conversa e harmonia", avisou o senador cearense.

O repórter do Estadão insistiu em querer saber se Eunício foi procurado por alguma liderança do futuro governo Bolsonaro. Ele disse que apenas o deputado Major Olímpio, que foi eleito senador por São Paulo, o procurou. Ele conta que Olípio se disse envergonhado com o fato de ninguém ter procurado o presidente do Congresso para tratar sobre pautas.

"Não votei no Bolsonaro, mas eu vou dizer o que disse Obama. Minha admiração não é pelo Trump, é pelo Obama. A população do meu Brasil democraticamente disse que o presidente é ele, então a partir do dia que ele ganhou, ele é meu presidente, é o presidente do meu país e não sou eu que vou botar uma perna esticada para ele tropeçar, pelo contrário. Agora, a Constituição determina muitas coisas que talvez muita gente que está nesse processo, que não passou por aqui, não passou numa Câmara de Vereadores, numa Assembleia Legislativa, numa Câmara Federal, talvez não tenha passado num governo, para entender o trâmite", cutucou.

Eunício ainda rebateu as especulações de que ele não queria votar a reforma da Previdência. "Eu posso até não querer, mas não é isso. Os constituintes foram sábios de se autoproteger, não a eles que estavam vindo de um regime de força da ditadura, eles autoprotegeram a Constituição brasileira e botaram nessa Constituição que ninguém pode chegar e dizer: ‘Olha, acordo de líderes aqui, eu tenho maioria, muda a Constituição todinha que agora eu prendo e arrebento’. Eles fizeram um ritual para mudanças na Constituição brasileira", afirmou.