81% da população querem políticas de promoção à igualdade de gênero

A pesquisa Ibope/ONU Mulheres revela que 81% de brasileiras e brasileiros entendem que a presença de mulheres na política e em outros espaços de poder e decisão aprimora a política em si e os demais espaços. Na Região Nordeste, o índice sobe para 84%. E 70% das pessoas entrevistadas concordam que só existe democracia de fato com a presença de mulheres nos espaços de poder e decisão.

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Além disso, 77% avaliam que deveria ser obrigatório que os parlamentos em todos os níveis tivessem composição paritária, ou seja, correspondência equitativa entre homens e mulheres. O índice sobe para 80% entre as pessoas que cursaram da 5ª à 8ª série do ensino fundamental e entre os mais jovens. Nas classes D/E e na região Nordeste, 81% concordam, totalmente ou em parte, com essa afirmação.

Os dados são da pesquisa Brasil 50-50 Ibope/ONU Mulheres, que traz um indicador de demanda por igualdade de gênero no país. O estudo também aborda a percepção de brasileiras e brasileiros a respeito do grau de importância que o governo federal deve atribuir a medidas relacionadas às áreas de educação, saúde, transporte e segurança pública como forma de melhorar a igualdade entre homens e mulheres na educação, saúde, transporte e segurança pública.

Para 78%, o governo federal deve considerar extremamente importante a promoção de políticas públicas que incentivem que homens e mulheres tenham as mesmas oportunidades de acesso e desenvolvimento na educação e na cultura. São 81% os que consideram extremamente importante que o Executivo federal estimule o acesso de mulheres e homens às mesmas oportunidades de trabalho e mesmos salários. E 72% consideram extremamente importante que o governo federal promova políticas visando assegurar oportunidades iguais de atuação em partidos políticos e governos para mulheres e homens.

Entre os entrevistados e entrevistadas, 76% também declararam considerar extremamente importante que o governo federal promova o ensino de direitos humanos e direito das mulheres. Entre as mulheres o percentual sobe para 80%.

Percepções tão consolidadas e em patamares tão altos são convite para respostas de agentes públicas e públicos. “Pela segunda vez, brasileiras e brasileiros revelam que a igualdade de gênero é um assunto que lhes interessa e tem a capacidade de mudar a sua vida e a do país para melhor. É notório que ainda há um fosso entre as demandas da população e a realidade de baixa participação política das mulheres nos espaços de decisão”, afirma Nadine Gasman, representante da ONU Mulheres Brasil.

Em relação ao transporte público, 77% das pessoas entrevistadas consideram que deve ser alta a importância de o governo federal fazer parcerias com estados e municípios para garantir transporte público de qualidade. No que se refere à educação pública, 83% avaliam ser de extrema importância o governo auxiliar os municípios na ampliação do número de vagas em creches. “Há um fosso entre o que a população quer sobre igualdade de gênero e a resposta do poder público. O Brasil está mudando, e as mulheres são decisivas. A política brasileira precisa acompanhar os anseios da população e eliminar as barreiras entre homens e mulheres nos partidos políticos, na decisão do voto e na gestão das políticas públicas”, diz Nadine.

Ainda, de acordo com a pesquisa Ibope/ONU Mulheres, 84% entendem que o governo federal deve atribuir extrema importância à criação de medidas para ajudar os municípios na redução do tempo para agendar consultas e exames. Ademais, 71% acreditam que o Executivo federal deve dar alta importância ao incentivo e apoio aos municípios na ampliação da carga horária nas escolas, para que os alunos e as alunas estudem em tempo integral. A promoção do ensino dos direitos humanos e do direito das mulheres também deve ser considerado de alta importância para o governo federal, na opinião de 76% dos brasileiros e brasileiras. Entre aqueles que vivem na Região Nordeste, o índice sobe para 79%.

“Para a população, o governo federal deve dar grande importância para todas as medidas testadas na pesquisa. Este posicionamento representa de certa forma uma alta expectativa da atuação dessa esfera do poder no que tange à igualdade entre homens e mulheres em áreas tão essenciais para brasileiros e brasileiras”, avalia Márcia Cavallari, CEO do Ibope.