Índio: A classe trabalhadora avança na mobilização contra o golpe

Em entrevista ao Portal Vermelho o secretário-geral da Intersindical, Edson Carneiro Índio, afirmou que revogar a reforma trabalhista é a batalha fundamental da classe trabalhadora. “Ao contrário da propaganda, a reforma (lei 13.467/2017) fez explodir o bico e promoveu a migração de empregos diretos e formais para empregos precários”. Na opinião dele, a classe trabalhadora avança no combate à agenda de retirada de direitos e desmonte do governo de Michel Temer.

Por Railídia Carvalho

Debate reformas - Walmaro Paz

Em vigor desde novembro de 2017, a reforma trabalhista de Michel Temer e aliados legalizou o ataque à representação sindical e enfraqueceu um das fontes de custeio das entidades, que é a contribuição sindical. O fim da obrigatoriedade da contribuição implantado com a reforma dificultou o recolhimento desta verba que corresponde a um dia de trabalho do empregado. O recurso é dividido entre centrais, sindicatos, federações, confederações e governo federal.

“É um absurdo esse ataque às instituições que fazem a luta em um momento em que o país está fragilizado. As instituições que fazem a luta tem papel importante para corrigir algumas das desigualdades. Os sindicatos, assim como o Estado, são fundamentais na vida do país da maioria do povo e na ação para reduzir a desigualdade que existe entre patrão e empregado. O lado mais frágil é o do trabalhador”, afirmou o dirigente.

Na opinião de Índio, os trabalhadores é que devem decidir sobre suas formas de organização e sustento. “Não podemos aceitar nenhuma legislação que ataque a Justiça do Trabalho, que ataque a fiscalização do trabalho. A batalha fundamental é revogar a refoma trabalhista em seu conjunto. De volta à situação anterior os trabalhadores, junto com o seu sindicato, definem formas de sustentação das entidades”. Na opinião de Índio a decisão em assembleia é o melhor caminho.

Agenda da Classe Trabalhadora

A revogação da reforma trabalhista consta da Agenda Prioritária da Classe Trabalhadora, que traz 22 propostas para o país retomar o crescimento com combate à desigualdade social e geração de empregos. O documento também defende a revogação da Emenda Constitucional 95, que congelou gastos públicos com saúde e educação por 20 anos, assim como a revogação da Lei da Terceirização. Clique AQUI para acessar a Agenda.

“A agenda tem servido para dialogar e buscar compromissos com as diversas candidaturas à presidência da república, buscando que se comprometam com a pauta dos trabalhadores”, enfatizou Índio. Ele destacou as frentes de trabalho e a redução da jornada para 40 horas. “O desemprego é um drama para o trabalhador. Você vê as estatísticas mas nelas não aparece o sofrimento diário desse trabalhador. Ao lado da geração de emprego a agenda também propõe medidas em defesa da soberania e da democracia. Queremos eleições sem fraudes em que o ex-presidente Lula possa ter o direito de ser candidato”.

Temer disfarçado de "picolé de chuchu"

De acordo com Índio, o descontentamento da população, que tem sido captado em pesquisas, pode ser transformado em mobilização. No dia 27 de julho, o instituto Vox Populi apontou que 70% dos brasileiros afirmam que a vida piorou após Michel Temer assumir o governo. “É desafio do movimento sindical transformar esse descontentamento em mobilização. A Agenda é uma forma de dialogar com a sociedade”.

Na opinião do dirigente, cabe ao movimento sindical desmascarar o projeto de Temer mesmo que venha disfarçado “de picolé de chuchu”, lembrou em referência à pré-candidatura à presidência do tucano Geraldo Alckmin. “Temer é sim candidato e está representado na candidatura do PSDB”.

“O Geraldo Alckmin é o representante da Globo, do capital financeiro, do rentismo para seguir desmontando o Estado, entregando o patrimônio público, privatizando e retirando direitos sociais e trabalhistas assegurados na Constituição. Cabe ao movimento sindical desnudar não apenas o Temer mas o seu projeto e sua agenda de contrarreformas”, completou Índio.

O dirigente reiterou que o voto consciente do trabalhador é estratégico neste momento de derrotar a agenda de retrocessos de Temer. “Parlamentares e partidos que votaram a favor do desmonte, terceirização, reforma trabalhista e emenda de gastos não merecem o voto da classe trabalhadora. Por outro lado, candidaturas que dialogam com a nossa Agenda merecem nosso engajamento”. 

Dia do Basta – 10 de agosto

No dia 10 de agosto as centrais sindicais promovem o dia do Basta para denunciar os retrocessos do atual governo e também massificar as 22 propostas dos trabalhadores para a sociedade. Segundo Índio, realizar essa manifestação um pouco antes do processo eleitoral deslanchar mostra como será estratégica essa eleição. “Esse processo eleitoral vai pautar o rumo da luta de classes para o próximo período”.

Para o dirigente os protestos do dia 10, incorporado por todas as centrais nacionais, e por "100% dos movimentos sindicais e sociais" será muito importante para os trabalhadores pautaram o que querem para o próximo período.

“Basta de desemprego, de privatizações, de golpes na democracia. Basta de carestia, basta de injustiça social, desemprego. A Intersindical que, desde o início, tem somado na resistência ao golpe está muito confiante. O movimento sindical vai dar uma contribuição muito importante para que esse desfecho do golpe seja progressista e que a gente consiga retomar uma agenda de melhoria das condições de vida, com fortalecimento da renda e fortalecimento do trabalho”.