Brasileiro ama a si mesmo

Selfie é um fenômeno social, assinalam estudiosos das múltiplas formas de comunicação. O Brasil é o país do mundo onde mais pessoas fazem selfie, ou seja, fotografam a si mesmas, conforme estudos recentes.

Por Luciano Siqueira*

Brasil selfie

Isto é entendido como sinal de sociabilidade e autoestima.

Acredito.

Apesar do chamado "complexo de vira-latas" tão arraigado — ou propagado — ao longo dos tempos, como se fora marca do povo brasileiro, nós gostamos de nós mesmos e nos admiramos como somos.

Esse tal complexo de inferioridade é próprio de nossa elite, no passado submissa aos ingleses e à cultura européia, depois aos americanos e sempre pronta a exaltar outras gentes e outras culturas — sobretudo os detentores de riquezas — e a depreciar nosso jeito de existir, de pensar, de ser, de amar e de agir.

Mesmo nos momentos mais difíceis, como o de agora, em que governantes se empenham em desfazer conquistas e direitos e em retomar a velha e agenda neocolonialista, o brasileiro não perde a fé em si e nos destinos da nação.

Gostaria muito de ter uma amostragem estatisticamente satisfatória de fotos e comentários dessa gente de todos os gêneros que em toda parte se faz fotografar a si mesma. Que impressão tem da própria fisionomia — de autoaceitação, autoconfiança, renovada disposição de luta?

Um velho fotógrafo me garante que quem faz selfie tem mesmo autoestima elevada, gosta do que vê — ele que por décadas se dedicou a fotografar rostos e gestos.

Há mesmo um fascínio das pessoas pela imagem, acrescenta. Por isso, com o advento dos smartphones, todos nós nos convertemos em fotógrafos e cinegrafistas.

Que assim seja. Sempre.