Lume

Por Maria Aparecida Dellinghausen Motta*

Livro estudante - Foto: Marcello Casal Jr/Agencia Brasil

Quem é aquela mulher, quem é aquele homem que prosseguem sem parar por caminhos entre aldeias, cidades, campos, rios e florestas? Vão sendo seguidos por uma criança. Uma criança que não se cansa e os segue em dias amenos ou nebulosos por caminhos tão íngremes. Ela, pequena e resoluta, vai com eles.

Aquela mulher e aquele homem têm uma direção da qual não se pode afastar. O que levam nas mãos? Apenas um livro, um livro! São livres com um livro; eles e a criança.

São eles que, apenas com o livro, atravessam os caminhos, com sol ou chuva e, muitas vezes, nas sombras da noite que não temem. Por que temer a escuridão, o obscuro das trilhas, se eles transportam o lume, a tocha nas mãos? É o que leva a criança a segui-los. Outras já vêm se somando, aos poucos, sem medo da escuridão porque a mulher e o homem levam a tocha, o lume que vai iluminando cada passa dado. É o que mostra e o que seduz a busca: o livro!

A mulher e o homem não temem as trevas, nem a criança as teme. Porque naquelas mãos vai a história do mundo: a ciência, a filosofia, as artes, as religiões, as gramáticas… toda a humanidade recontada e a que pode ser escrita de agora em diante! Como no epílogo da ficção de Ray Bradbury Fahrenheit 451 (1953, 1ª publicação) e no filme homônimo de Truffaut (1966), os livros não mais serão queimados e as ideias não serão apagadas.

É o lume que poderá iluminar o mundo! E há de vir a criança, o jovem, o velho sem distinção de cor, credo, gênero, classe… E já são muitos os que o seguem.

O lume ainda é o livro!… E aquela mulher e aquele homem são isto apenas: professores!!!

(Homenagem a todas as professoras e todos os professores do nosso país que teimam em lutar por ideias livres e democráticas)