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Celso Marconi: Paris Is Burning, um tema de cinema gay? 

Um filme que vale principalmente pela documentação apresentada é esse Paris Is Burning, que foi feito em 1990. O National Film Registry chegou a classificá-lo, em 2016, como “cultural, histórica ou esteticamente significante” para a Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos. Agora, está sendo exibido pela Netflix.

Por Celso Marconi*

Paris Is Burning

O tema de Paris Is Burning é a documentação sobre um grupo que se destacava nos anos 80 na vida noturna de Nova York, dançando e, muitas vezes, fazendo prostituição – as chamadas “show girls”. No último texto do filme, temos a expressão de que o que se viu foi a vida “gay” da cidade.

Paris Is Burning foi dirigido, escrito e produzido por Jennie Livingston, mas a apresentação é de um grupo de produção Academy. O documentário tem o claro objetivo de mostrar quem são aquelas personagens “gays e negras”. Praticamente durante todo o filme, temos apresentações em casas noturnas e outros espaços. Em vários momentos, vemos as “moças” comentando situações pessoais. Entretanto, o que poderia ter ocorrido seria buscar um aprofundamento maior no sentido social e, principalmente, psicológico, com o que a documentação visual ganharia profundidade.

O que realmente pensam essas pessoas? O que esperam da vida? É o que deve ficar pensando o espectador. E há de certa forma uma resposta, porém de forma mais subjetiva do que seria necessário. Talvez entrevistas feitas por pessoas mais técnicas, que conseguissem ir mais para dentro de cada personalidade. Ninguém pensa somente em “dançar” – isso pode ser uma parte da vida.

Interessante notar que essa produção recebeu muitos prêmios, o que mostra o reconhecimento da sociedade norte-americana. Mas nem toda sociedade, pois sabemos o quanto uma pessoa “negra e gay” sofre numa sociedade racista como a desse País.

Paris Is Burning claramente mostra que não é um filme da produção industrial de Hollywood, mas uma criação independente de Nova York. Vale a pena conhecer.

* Celso Marconi, 89 anos, é crítico de cinema, referência para os estudantes do Recife na ditadura e para o cinema Super-8. É colaborador do Prosa, Poesia e Arte