A revolução [nada] silenciosa das redes sociais

A foto de Flávio Dino de óculos escuros, divulgada após a confirmação da reeleição, foi o estalo para direcionar a vontade de fazer oposição ao novo Governo. Criou, dois dias depois, o perfil do @dinodebochado.

Por Nathalia Bignon*

Flavio Dino debochado

Na semana passada, Jair Bolsonaro condicionou 53 milhões de brasileiros a único nicho de preconceito: o dos ‘paraíbas’. E na tentativa de diminuir a lambança frente ao eleitorado, repetiu seu próprio feito, dias depois, ao afirmar que o alvo não eram todos os ‘paraíbas’, mas só o “pior” deles: Flávio Dino, atual Governador do Maranhão.

A ignorância do incauto, que tem levado ‘minions’ ao delírio e botado lenha no caldeirão do ódio que o Brasil cozinha sua própria história desde a campanha, também tem mobilizado o outro extremo. Fã incondicional do governador maranhense, foi justamente a vitória de Bolsonaro, em outubro de 2018, que levou um ludovicense anônimo a criar um perfil para combater as fake news que se multiplicam nas redes.

A foto de Flávio Dino de óculos escuros, divulgada após a confirmação da reeleição, foi o estalo para direcionar a vontade de fazer oposição ao novo Governo. Criou, dois dias depois, o perfil do @dinodebochado.

Depois de reunir mais de 30 mil seguidores pouco mais de sete meses, o perfil extra oficial fez frente à avalanche de falsas notícias contra Dino que inundou as redes esta semana. Falando e escrevendo como o Governador, mesmo sem aval oficial para tal, o criador do personagem explica que esta é uma forma bem-humorada de encarar a política e alertar para a verdade, fazendo uma nova forma de oposição.

“O Dino tem esse tom debochado e as pessoas se sentem representadas. A ideia era criar um perfil de esquerda, de gente que curte unir política e humor”, conta.

Em campo de batalhas que já não tem fronteiras, a versão debochada prova que, aos poucos, a esquerda vai aprendendo a lutar no terreno, apoiada no poder das redes sociais. Ultrapassando os limites do Maranhão, o Debochado já reúne fãs famosos, como os globais Bruno Gissoni e Bruno Gagliasso, o ex-jogador Juninho Pernambucano e a ex-nadadora Joanna Maranhão, seguidores e replicadores dos tuítes provocativos sobre a política nacional.

Quando perguntado se a ‘bolha estourou’ e sobre o real poder de influência, ele reflete: “Eles falam de armas, nós falamos de amores, então acho que estamos conseguindo chamar a atenção para o tipo de conteúdo”, conta.

Depois conquistar mais de 5 mil seguidores após a polêmica frase sobre os nordestinos, ele arrisca a razão. “Eu não sei se foi exatamente o ódio ao Bolsonaro, porque geralmente o ódio vem dele e dos seguidores dele. Mas tem muita gente se decepcionando e o fato de ter atacado nosso governador, despertou a curiosidade de conhecer o atacado. É aquela história: se Bolsonaro está falando mal, é porque deve ser coisa boa”, apontou.