Com imagens raras, novo documentário resgata a trajetória de Brizola

A trajetória de Leonel Brizola será retratada em novo documentário, com previsão de lançamento para 2020, no Canal Curta!. Herdeiro político de Getúlio Vargas e João Goulart, Brizola, ex-governador do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro, foi um dos mais importantes políticos do País na segunda metade do século 20. O documentário, contemplado pelo Fundo Setorial do Audiovisual para produção para TV, será dirigido por Marco Abujamra e terá produção de Mariana Marinho, da Dona Rosa Filmes.

Leonel Brizola, título provisório do longa, será dividido em três partes: “Antes do Golpe”, “Exílio”, e “O Retorno”. O filme terá imagens de arquivo raras em vídeos, fotos e reportagens de jornais e entrevistas com políticos, além de gravações captadas no Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Brasília, Uruguai e Cuba.

Simpatizante de Vargas, Leonel de Moura Brizola (1922-2004) ingressou no Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), em agosto de 1945, integrando o primeiro núcleo gaúcho do novo partido. Eleito deputado estadual, participou da elaboração da Constituição gaúcha. Em 1950, casou-se com Neuza Goulart, irmã do então deputado estadual João Goulart. O padrinho do casamento foi o próprio Vargas, que naquele mesmo ano foi eleito presidente da República. No mesmo pleito, Brizola foi reeleito deputado estadual.

Em 1958, elegeu-se governador do Rio Grande do Sul, com mais de 55% dos votos válidos. Em 1962, pela primeira vez, Brizola foi eleito deputado federal pelo antigo Estado da Guanabara. Como parlamentar, fez discursos veementes defendendo a implantação da reforma agrária e a distribuição de renda no Brasil. Com a deposição do presidente João Goulart pelos militares, em 1964, Leonel Brizola foi obrigado a se exilar no Uruguai.

Brizola teve participação importante no Comício das Reformas, conhecido como Comício da Central, organizado na Central do Brasil, no Rio de Janeiro, em março de 1964. Na ocasião, Jango anunciou a decisão de implantar as chamadas reformas de base. Entre os oradores que precederam o discurso de Jango, Brizola foi o mais aplaudido. Ele exortou o presidente a “abandonar a política de conciliação” e instalar “uma Assembleia Constituinte com vistas à criação de um Congresso popular, composto de camponeses, operários, sargentos, oficiais nacionalistas e homens autenticamente populares”.

Voltou ao Brasil somente em 1979, com a Lei da Anistia, fundando o PDT no ano seguinte. Em 1982, elegeu-se governador do Rio de Janeiro e, em 1984, apoiou a campanha das Diretas Cinco anos mais tarde, participou da primeira eleição direta à presidência da República no Brasil desde o golpe militar, ficando em terceiro lugar. No segundo turno, apoiou o petista Luiz Inácio Lula da Silva, derrotado por Fernando Collor.

Em 1990, pela segunda vez, Brizola conquistou o governo do Rio de Janeiro. Com posições firmes em defesa dos produtores nacionais e sempre defendendo restrições ao capital estrangeiro no país, disputou novamente a Presidência em 1994, mas sua participação foi decepcionante, obtendo apenas 3,2% dos votos válidos.

Brizola foi candidato a vice-presidente na chapa encabeçada por Lula em 1998 e novamente foi derrotado, quando os eleitores brasileiros conduziram Fernando Henrique Cardoso à reeleição. Em dezembro de 2003, já com Lula como presidente, o pedetista rompeu com a base aliada. Morreu aos 82 anos, em junho de 2004, de infarto decorrente de complicações infecciosas, no Rio de Janeiro.