Usar verbas do Mais Médicos na compra de votos – um duplo crime

O governo desvia 1,25 bilhão de reais do Mais Médicos para o balcão de negócios em que transformou a Câmara dos Deputados.

Por José Carlos Ruy

Bolsonaro

Num duplo ataque contra os brasileiros, o governo do direitista Jair Bolsonaro usou – informa a a agência UOL – verbas que eram destinadas ao Mais Médicos para comprar votos a favor da reacionária reforma da Previdência.

Para aprovar este projeto que na prática destrói a aposentadoria e a Previdência Social, remanejou verbas do já enfraquecido programa Mais Médicos, em desprestígio desde o golpe que, em maio de 2016, levou os conservadores ao governo, na época com o usurpador Michel Temer.

Jair Bolsonaro usou, diz a notícia, recursos que restavam ao atendimento da saúde, privando a população mais pobre de assistência médica, para negar o direito à aposentadoria do povo. A notícia é um escândalo.

A reportagem "Antes de votação da Previdência, governo dá verba do Mais Médicos a emendas", de autoria de Bernardo Barbosa (publicada pela UOL nesta sexta-feira, 12) revela que o governo de direita remanejou R$ 1,25 bilhão, que era destinado ao Mais Médicos, para outros programas da área de saúde que, por sua vez, receberam recursos por meio de emendas parlamentares liberadas em troca de votos a favor da nefasta reforma da Previdência.

"Todo o processo ocorreu nos dias que antecederam a aprovação do texto-base da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados, na quarta (10), período em que o governo acelerou a liberação de emendas."

A compra de votos para a aprovação, pelo Congresso, de medidas do interesse do governo, além de imoral e indecente, é um crime. Neste caso, diz o deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP), que foi ministro da Saúde no governo da presidenta deposta Dilma Rousseff, o crime é contra saúde pública, e as vítimas estão entre 30 milhões a 32 milhões de pessoas que ficam "desassistidas pelo Mais Médicos".

O próprio ministro da Saúde de Jair Bolsonaro, Luiz Henrique Mandetta (DEM), reconheceu esse crime quando disse, à Folha de S. Paulo, que a liberação de emendas foi impulsionada pela proximidade da votação da reforma da Previdência.

Isto é, o governo faz a farra e transforma a Câmara dos Deputados num balcão de negócios em que a conta do desmando – a compra de votos a favor da prejudicial reforma da Previdência – é paga com recursos negados a um serviço público que atenderia o povo mais pobre, que fica sem aposentadoria e sem o atendimento do Mais Médicos. Este é o duplo crime cometido pelo governo.