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Explorando crianças: nove músicas que denunciam o trabalho infantil 

Nesta quarta-feira (12), Dia Mundial contra o Trabalho Infantil e Dia Nacional de Combate ao Trabalho Infantil, o Prosa, Poesia e Arte apresenta nove canções da música popular brasileira (MPB) que tratam, direta ou indiretamente, do tema. São músicas sobre a exploração do trabalho de crianças e adolescentes, bem como os males que essa prática causa ao desenvolvimento da infância e da juventude.

Por Marcos Aurélio Ruy*

Trabalho infantil

Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT) – que em 2002 instituiu 12 de junho como Dia Mundial contra o Trabalho Infantil –, mais de 150 milhões de crianças são exploradas pelo trabalho no mundo. No Brasil, cerca de 2,5 milhões de pessoas de 5 a 17 anos trabalham em condições ilegais.

Como de costume, o cancioneiro popular brasileiro, sempre antenado à busca de soluções para os dilemas sociais que afligem a maioria da população, flagrou o problema. nestes tempos sombrios, vale a reflexão sobre o que estamos fazendo com as nossas crianças.

“Nossa luta contra o fascismo e contra os retrocessos trazidos pelo governo Bolsonaro, pela educação e saúde públicas e pelos direitos de quem produz a riqueza da nação, passa também pelo combate ao trabalho infantil”, diz Vânia Marques Pinto, secretária de Políticas Sociais da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).

Ouça as músicas:

O Meu Guri, de Chico Buarque

“Chega suado
E veloz do batente
E traz sempre um presente
Pra me encabular”

Garoto do Amendoim, de Ary Lobo

“Compra dois que vai gostar
Vai gostar vai gostar
É gostoso até o fim
Pra minha mãe sustentar
Seu moço, eu vendo amendoim”

Sou Boy, de Kid Vinil, grupo Magazine

“Acordo sete horas tomo ônibus lotado
Entro oito e meia eu chego sempre atrasado
Sou boy, eu sou boy, sou boy, boy, sou boy”

Filho de Carpinteiro, de Tonico e Zé Paioça

“Quando amanhece o dia
O coitadinho saía
Com o frio da madrugada
Anunciando a novidade”

Relampiano (Lenine)

“Tá relampiano
Cadê neném?
Tá vendendo drops
No sinal pra alguém”

Subirusdoistiozin, de Criolo

“Licença aqui patrão, eu cresci no mundão, onde o filho chora e a mãe não vê
E covarde são, quem tem tudo de bom, e fornece o mal, pra favela morrer”

Pivete, de Chico Buarque e Francis Hime

“Zanza na sarjeta
Fatura uma besteira
E tem as pernas tortas
E se chama Mané
Arromba uma porta
Faz ligação direta
Engata uma primeira
E até”

Mágico de Oz, do grupo Racionais MC’s

“Aquele moleque sobrevive como manda o dia a dia
Tá na correria, como vive a maioria
Preto desde nascença escuro de sol
Eu tô pra ver ali igual no futebol
Sair um dia das ruas é a meta final”

Criança Não Trabalha, de Arnaldo Antunes e Paulo Tatit

“Giz, mertiolate, band-aid, sabão
Tênis, cadarço, almofada, colchão
Quebra-cabeça, boneca, peteca, botão
Pega-pega, papel, papelão

Criança não trabalha, criança dá trabalho
Criança não trabalha”


 

* Marcos Aurélio Ruy é jornalista