Brasil vota contra o acesso dos palestinos a atendimento médico

O Brasil, de novo contrariando a sua posição histórica, votou contra a Palestina em um organismo da ONU. Desta vez foi na Organização Mundial de Saúde (OMS), que, nesta quarta-feira (22), apresentou uma proposta de resolução para garantir acesso à saúde aos palestinos que vivem sob a brutal ocupação israelense.

Palestina OMS

A oposição da diplomacia “bolsonariana” ao texto pouco adiantou. A resolução foi aprovada por 96 votos a favor, 11 contra, além de 21 abstenções.

O documento denuncia que Israel impede a livre circulação de palestinos, pacientes ou profissionais da saúde, e, com isso, prejudica os atendimentos aos necessitados de cuidados médicos.

Dados aterradores

Os dados divulgados pela OMS não deixam margem à dúvida sobre a correção da proposta: apenas 61% dos pacientes palestinos que pedem acesso para cruzar as fronteiras em busca de atendimento médico conseguem passar. Entre os acompanhantes, a taxa é de menos de 48%. Entre os funcionários de saúde, apenas 15% dos pedidos foram aprovados e 90% das ambulâncias que pediram acesso a Jerusalém Oriental enfrentaram obstáculos. Em 2018, 84% dos 1462 trajetos de ambulâncias palestinas tiveram de ser interrompidos para que os pacientes fossem obrigados a mudar de veículos (!) nos check-points (barreiras militares israelenses).

Durante os confrontos em Gaza, também em 2018, somente um a cada cinco feridos conseguia ser levado a um hospital controlado por israelenses.

Nem mesmo os médicos e enfermeiros escapam da violência sionista. A resolução aprovada denuncia o “aumento de incidentes e ataques” contra médicos e enfermeiros. Só em Gaza, foram 363 ataques, incluindo três mortes e 565 feridos.

Segundo o levantamento da OMS, nos assentamentos na Cisjordânia a expectativa de vida de um israelense é nove anos superior a de um palestino, vivendo no mesmo território.

O documento também denuncia o veto de Israel a algumas importações de vacinas, o que poderia minar a “sustentabilidade do programa de vacinação no território palestino e seu impacto para a saúde”.

O texto ainda lista uma série de exigências que Israel deve seguir, garantindo o acesso aos serviços de saúde em territórios ocupados e chama a atenção para o fato de que Israel não cumpriu com recomendações da OMS de anos anteriores.

Mesmo com todos estes dados irrefutáveis, o Brasil portou-se como mero fantoche a serviço dos interesses estadunidenses e israelenses, o que já havia acontecido no início do ano, quando o país modificou seus votos no Conselho de Direitos Humanos da ONU, abandonando uma tradicional posição de apoio aos palestinos.