Medidas dos EUA já mataram 40 mil na Venezuela

Pesquisadores dizem que sanções impostas por Trump este ano representam uma “pena de morte” para dezenas de milhares de venezuelanos.

k

As sanções impostas pelo governo de Donald Trump contra a Venezuela para fragilizar o presidente Nicolás Maduro têm causado prejuízos graves à vida humana e à saúde da população, tendo como resultado estimadas 40 mil mortes entre 2017 e 2018 no país. A conclusão é do estudo “Sanções Econômicas como Punição Coletiva: O Caso da Venezuela”, publicado neste mês em português, inglês e espanhol pelo Centro de Pesquisas Econômicas e de Políticas Públicas (CEPR), nos Estados Unidos.

A estimativa do estudo se baseou em dados da Pesquisa Nacional de Condições de Vida (Encovi), levantamento anual realizado por três universidades venezuelanas, que apontou um crescimento de 31% da mortalidade entre 2017 e 2018 – um aumento de 40 mil mortes no período.

O documento aponta que as sanções do governo Trump reduziram a oferta de alimentos e medicamentos e aumentaram a incidência de doenças e a mortalidade no país, encaixando-se na definição de castigo coletivo da população civil estabelecida nas convenções internacionais tanto de Genebra quanto de Haia, das quais os Estados Unidos são signatários.

Segundo o estudo, mais de 300 mil pessoas estão em situação de risco por falta de acesso a medicamento ou tratamento médico. Os dados do relatório incluem 80 mil pessoas portadoras do HIV/Aids que não recebem tratamento antirretroviral desde 2017, 16 mil pacientes que precisam de diálise, 16 mil pessoas com câncer e 4 milhões com diabetes e hipertensão.

Além disso, a crise no fornecimento de energia elétrica também afetou hospitais e serviços de saúde.

Para o pesquisadores responsáveis pelo levantamento, Mark Weisbrot e Jeffrey Sachs, os números demonstram que as sanções impostas pelos Estados Unidos no início deste ano – muito mais rígidas que as de anos anteriores – representam uma “pena de morte” para dezenas de milhares de venezuelanos. “Isso é especialmente verdadeiro se a queda projetada de 67% na receita petroleira se materializar em 2019”.

O estudo ressalta também que a Venezuela seria capaz de adotar um programa para combater e controlar a hiperinflação caso não estivesse sofrendo com as sanções impostas pelos EUA. Com grandes reservas de petróleo e outros minerais para ajudar a garantir a recuperação econômica, não só seria possível evitar o aumento de 40 mil mortos, poderia haver uma redução da mortalidade e a melhoria dos indicadores de saúde.

A informação é do Monitor Mercantil