Paulo Guedes é um ministro "chicagão", diz presidente do Ipea

Carlos Doellinger afirmou que por trás da "reforma" da Previdência Social tem um saco de maldades. 

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Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Carlos Doellinger, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) disse que a proposta de “reforma” da Previdência Social “tem saco de maldades por trás”. É uma questão complicada, disse ele, a a “reforma” vai atingir o velho, o aposentado. “É mais complicada politicamente. É algo que beneficia a sociedade como um todo, dá segurança para investimento. Agora, mexe com a vida das pessoas e isso cria embate político perfeitamente compreensível”, afirma.

OP contexto da entrevista foi para elogiar a política econômica do governo Bolsonaro, comandada pelo ministro da Economia Paulo Guedes, mas Carlos Doellinger foi sincero ao diagnosticar os efeitos da “reforma” da Previdência Social. “O governo gostaria de atingir o R$ 1,1 trilhão, mas a gente sabe que não vai ser isso tudo. O que a gente não quer é que fique em R$ 300 bilhões, R$ 400 bilhões. Aí é só um remendo. E, nesta altura da vida, eu e os outros cabeças brancas dizemos ‘fazer sacrifício para conseguir more of the same” (mais do mesmo) não interessa’”, disse ele.

Segundo Carlos Doellinger, o ministro Paulo Guedes é o principal fiador da “reforma”. ”Ele tem essa posição de destaque e mesmo os que são contra ele respeitam a capacidade técnica, a inteligência. Mesmo sendo de Chicago, todo o mundo respeita (risos). No meu tempo de Ipea, quando o cara vinha de Chicago, era chicagão. E ele sofreu muito com isso no início da carreira. Ele passou no Ipea, mas viu que o ambiente não era lá muito propício a Chicago e foi buscar a turma dele”, afirmou.