Altamiro Borges: Neymar será julgado… na Espanha

Sem maior escarcéu na mídia falsamente moralista, a Justiça da Espanha negou recurso movido pelos advogados de Neymar e decidiu que ele e seu pai-empresário serão julgados criminalmente por irregularidades cometidas na transferência do jogador ao Barcelona, em 2013.

Por Altamiro Borges, no Blog do Miro

Neymar - Foto: Pedro Martins/Mowa Press

Segundo notinha da Folha, “a negativa foi proferida por unanimidade pela Quarta Seção da Audiência Nacional da Espanha, em despacho divulgado na sexta (1 de fevereiro) … ‘O tribunal afastou as alegações de que Neymar não poderia ser julgado na Espanha. Isso permite que finalmente o jogador sente-se no banco dos réus. As penas pedidas são de prisão, multa e inabilitação profissional’, disse Paulo Magalhães Nasser”, advogado do Grupo DIS, que detinha 40% dos direitos econômicos do atacante na época em que ele ainda defendia o Santos.

De acordo com a empresa, o craque praticou corrupção privada e estelionato em razão de contratos simulados da venda. Na ocasião, o valor firmado entre Santos e Barcelona foi divulgado como sendo de 17 milhões de euros (R$ 71 milhões). Mas há documentos que comprovam que o valor da negociação do atleta, feita em 2013, já bateu a casa dos 90 milhões de euros (R$ 385 milhões). “As penas dos dois crimes apontados – corrupção privada e estelionato de contrato simulado – variam de seis meses a quatro anos de detenção. Na ação cível, a DIS cobra cerca de R$ 30 milhões como indenização sobre o negócio”.

Além desses crimes, ainda pesa a suspeita do governo espanhol de que o craque e seu pai-trambiqueiro sonegaram impostos. No que se refere ao crime fiscal, essa não é primeira vez que o Neymar – que se uniformizou de “ético” para fazer campanha para o cambaleante amigo Aécio Neves em 2014 – é mencionado.

Como lembra a Folha, “no Brasil, o atleta também enfrenta problemas com as autoridades. A Receita Federal cobra R$ 69 milhões em impostos e multas por sonegar tributos no país quando se transferiu do Santos para o Barcelona. Em 2015, as autoridades autuaram o atacante em R$ 188 milhões sob a alegação de que o jogador deixou de declarar R$ 63,6 milhões de 2011 a 2013, omitindo o montante por meio das empresas NR Sports, N&N Consultoria Esportiva e Empresarial e N&N Administração de Bens”.

Até hoje, porém, o jogador segue impune no Brasil. Talvez isso agora mude… na Espanha!