Em entrevista, Haddad mostra preparo e Bolsonaro defende tortura

O programa Conexão Repórter, do SBT, exibido na madrugada desta terça-feira (23), exibiu entrevista com os dois candidatos à Presidência da República, Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL).

Haddad e Bolsonaro no Conexão Repórter - Divulgação

Bolsonaro voltou a fazer a defesa da tortura e exaltou o nome do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra (1932-2015), reconhecido como torturador pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) por seu crime contra brasileiros perseguidos e assassinados durante o regime militar comandando um dos principais centros de tortura, o Destacamento de Operações Internas (DOI-Codi).

"Prestou um grande serviço ao País, ninguém pode negar", disse. “Você tem que botar ele de um lado e os que ele combatia do outro. Ele prestou um grande serviço ao Brasil, ele fez parte de um momento da história do Brasil”, afirmou Bolsonaro.

Bolsonaro ainda admitiu que havia "alguma" censura no período da ditadura militar, mas tentou justificá-la ao dizer que certas reportagens proibidas eram, na verdade, ordens "para terroristas tomarem alguma decisão".

Questionado sobre a censura à imprensa durante o regime, Bolsonaro minimizou dizendo que “tinha uma certa censura”, mas certas reportagens proibidas eram, na verdade, ordens "para terroristas tomarem alguma decisão".

Haddad, por sua vez, afirmou que as declarações de Bolsonaro mostram que ele tem uma “mente doentia”. “Ele chegou a dizer que o erro do regime militar foi torturar e não matar. Bolsonaro, sim, é uma pessoa muito preocupante”, enfatizou.

“Meu adversário defendeu tortura, estupro, ditadura. Não vejo ninguém perguntar para ele se ele não se arrepende de dizer a uma colega que só não a estupra porque ela não merece”, lembrou o petista, em referência ao episódio em que Bolsonaro na tribuna da Câmara dos Deputados disse a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS), que não a estupraria porque ela era feia. Bolsonaro é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por conta dessa afirmação.

“Como é que a gente vai abrir mão da liberdade em nome de uma pessoa desequilibrada?”, questionou Haddad.

Sobre o esquema de disseminação de mensagens falsas nas redes sociais contra seu adversário, Bolsonaro voltou a demonstrar desequilíbrio ao afirmar que “pode ser até que seja alguém bem-intencionado fazendo isso”.

De acordo com matéria investigativa da Folha de S.Paulo, empresas de apoiadores de Bolsonaro bancaram, com contratos de R$ 12 milhões, serviços de disparos de mensagens no WhatsApp contra o PT e Haddad.

Ao ser questionado se buscaria o diálogo após as eleições, caso fosse eleito, Bolsonaro mais uma vez demonstrou que está longe das características de um presidente da República e disse que “não dá para conversar com esse tipo de gente, com essa formação, com esse pensamento”. “Essas minorias… tem a parte ativista que destoa das maiorias. Vamos acabar com história de luta de classes no Brasil. Somos todos iguais. Miro muito na meritocracia”.

O programa fez a mesma pergunta a Haddad, que afirmou: “Se ele pedir desculpas, sim”. “Ele precisaria parar de falar pelo Twitter e me ofender pelo Twitter. O pressuposto é que as pessoas têm que se respeitar”.