Unir o Brasil para barrar o retrocesso

"Aos setores democráticos e populares, a todos os cidadãos de bem, comprometidos com o desenvolvimento do pais e o progresso social, cabe a luta tenaz de resistência, para impedir um grave retrocesso (…), garantir a democracia e impor a derrota aos setores retrógrados, inconsequentes, antipovo e antipátria".

Por Aluísio Arruda*

Bandeira do Brasil - Foto: CUT

Toda crise econômica, somada ao descrédito das instituições resulta no aumento da violência, desemprego, piora das condições de vida e no acirramento do conflito entre as classes. Esse conflito é ainda mais acirrado após certa ascensão dos mais pobres, despertando nas classes “superiores” o medo de perderem status e se empobrecer. No Brasil, resquícios do domínio escravocrata por cerca de quatro séculos, a discriminação e ódio aos negros, mulatos, à mulher e às minorias, é potencializado.

Na Alemanha esse conflito de classes levou ao poder um louco, porém tido como “salvador” que conduziu o país à 2ª Guerra Mundial onde morreram cerca de 55 milhões de pessoas.

No Brasil em 1960 se elege outro tresloucado, também tido como “salvador”, por nome Jânio Quadros, que após sete meses de governo renuncia abrindo caminho para o golpe militar que por 21 anos prendeu opositores, exilou, torturou, matou milhares de pessoas, pisoteou a democracia, fechou o Congresso, entregou as riquezas do país, multiplicou a dívida pública, gerando uma crise que levou milhões às ruas nas Diretas Já, que pôs fim à ditadura.

Tanto na Alemanha quanto no Brasil esse conflito de classes transformou sentimentos recalcados e reprimidos em ódio, invertendo valores, onde setores mais atrasados e despolitizados se julgam superiores agarrando-se à símbolos da pátria, da religião, e na política a novos “salvadores”, mesmo desprovidos de maior qualificação, truculentos; e se ligados às forças militares (como o cabo Adolf Hitler na Alemanha), transmitem “segurança e poder”.

Essas contradições de classes no período eleitoral se acirram em seu aspecto mais elevado, onde o ódio ofusca e suplanta qualquer raciocínio lógico, se torna mais importante que as propostas. A meta é vencer a qualquer custo o inimigo de classe. As consequências para o país e para todos passam ao plano secundário.

Como justificativa se baseiam não em números ou estatísticas verdadeiras, e se contam com beneplácito ou apoio explícito de instituições que deveriam ser imparciais, se acham no direito de julgar mesmo antes do veredicto judicial, e passam a utilizar todo tipo de instrumento, mesmo ilegal como ataques, intimidações e agressões. Nas redes sociais disseminam inverdades, abusam das fake news. O importante é desqualificar totalmente o adversário.

Finalmente para vencer o inimigo de classe, procura de todas as formas desqualificar sua representação partidária e seus principais líderes, negando todos os avanços e conquistas obtidas nos governos populares tais como a condução do Brasil da 13ª para a 6ª posição econômica no mundo; a geração de 20 milhões de empregos; a retirada de 40 milhões da pobreza extrema; a criação de programas sociais como o Minha Casa Minha Vida, que construiu milhões de lares; o PAC que realizou obras importantes de aneamento, construções de hospitais, estradas, abastecimento de água, o Prouni, o Fies e Ciência Sem Fronteiras, que levaram milhares de pobres às universidades do país e no exterior; o Bolsa Família e outros programas para geração de empregos e melhoria da qualidade de vida principalmente dos mais pobres.

Ao chegar ao Brasil a crise internacional, que somado aos erros e atos de corrupção cometidos por alguns diretores de estatais e membros do PT, a oposição liderada por Aécio Neves, Cunha, Temer, o Centrão, com apoio da mídia e do Judiciário parcial, iniciou-se um violento boicote ao governo Dilma. Mesmo derrotado nas eleições intensificaram o boicote e os ataques até culminar no Impeachment sem crime de responsabilidade. Assumindo, Michel Temer impõe a toque de caixa uma política ultraliberal de privatizações e reformas contra os direitos trabalhistas, corte nos gastos da saúde, educação, tecnologia e outros. O resultado foi a quebradeira geral das empresas e cerca de 13 milhões de desempregados.

Como um ladrão que assalta e para despistar sai correndo gritando “pega ladrão”, os bolsonaristas, através das fake news e da mídia, diuturnamente querem incutir na mente dos brasileiros que os responsáveis pela crise foram os governos Lula e Dilma. Não falam uma virgula contra Temer a quem sempre deram apoio, e que o pretenso ministro da economia de Bolsonaro, Paulo Guedes anuncia dar continuidade a mesma política ainda piorada.

Aos setores democráticos e populares, a todos os cidadãos de bem, comprometidos com o desenvolvimento do pais e o progresso social, cabe a luta tenaz de resistência, para impedir um grave retrocesso e um futuro tenebroso, esclarecer os incautos, e principalmente aglutinar os setores mais lúcidos e responsáveis, para garantir a democracia e impor a derrota aos setores retrógrados, inconsequentes, antipovo e antipátria

Aluisio Arruda é jornalista, arquiteto e urbanista