Lado B da Lu: camisas pesadas também caem

A Copa bateu rápido. Mal tinha passado 2014 e toda a história que conhecemos bem como anfitriões e a Rússia já tinha chegado com toda a ansiedade que provoca no planeta.

Por Lu Castro* 

alemanha lado b lu - Divulgação

A Copa bateu rápido. Mal tinha passado 2014 e toda a história que conhecemos bem como anfitriões e a Rússia já tinha chegado com toda a ansiedade que provoca no planeta.

Não me comportei como as pessoas esperam que se comporte alguém da minha “laia”. Não me sentei em frente a tevê para acompanhar todas as pelejas e fazer análises decentes.
Minha ideia não era essa e, portanto, não a coloquei em prática.
 
Quando o Brasil ia enfrentar a Bélgica valendo vaga nas semifinais, eu estava na zona leste da cidade de São Paulo e até tentei fazer o percurso de volta o mais rápido possível, mas tinha um livro pra sacar na Paulista – coisa importante! – e isso atrasou um pouco os planos de chegar em casa em tempo de ver todo o jogo.
 
Com as pessoas desesperadas pra chegar aonde quer que fosse para ver o jogo ou simplesmente pegar o caminho do feriado mais cedo, entrar no metrô foi impossível. Caminhei tranquilamente até a Brigadeiro e vim de ônibus, àquela altura, totalmente desencanada de ver o jogo de ponta a ponta.
 
Na minha mente e no meu coração, o Brasil não passaria pelos belgas, o que me facilitou tudo.
Cheguei em casa com 1 a 0 para a Bélgica, gol contra de Fernandinho. Minto se disser que me cobri de “patriotismo” e olhei pra tevê nos minutos seguintes. Eu sabia que mais uma grande camisa do futebol mundial se despediria ali. 
 
E essa Copa foi bem louca, diz ai? Alemanha caindo na primeira fase? Quando, em toda a história do mundial, alguém seria insolente a ponto de fazer um prognóstico assim?
Aliás, que campanha sofrível dos alemães! O que teria acontecido com o trabalho de Löw nos últimos 4 anos? O que sobrou daquela Alemanha baiana de 2014? Uma derrota para o México, uma virada sobre a Suécia e uma acachapante derrota para a Coréia.
Argentina…ô Argentina, que campanha fulêra! 
 
O Brasil repetiu aquele repertório dos últimos anos. Não sei se é assim num contato mais próximo com toda delegação e sei que não se generaliza nada, mas já ví muitos “pombos cebeefianos” de perto. Ô troço enjoado, viu? E pensa que bate um momento humilde com os tropeços? Nada! “Essa camisa pesa!”
 
Ora ora, sejamos honestos, sejamos no mínimo autocríticos: ela pesa sim, vestiu o maior, vestiu Didi, Garrincha, Leônidas, Zizinho, Friedenreich, Sócrates, Zico, Romário, Ronaldos, Jairzinho, Tostão, Rivelino, Nilton e Djalma Santos entre tantos outros nomes imprescindíveis para o futebol mundial e é preciso ter respeito por ela, especialmente de dentro para fora.
 
Mas só o peso não conta em tempos em que boa parte das seleções estão mais abertas para uma internacionalização de seus membros. A Inglaterra, mesmo com um título em toda a sua trajetória na Copa, não é uma seleção que se despreze e foi muito bem neste mundial. Muitos já a tinham como a adversária da França na final. Só esqueceram de combinar com os croatas, claro!
 
E se a Croácia, sem retrospecto de sucesso em Copas, sem essa camisa “pesada”, chegou até a decisão do título, é hora de revermos uma série de coisas. Ainda que eles tenham em Modrić seu grande e mais expoente nome, vale lembrar que se trata de um time inteiro, coletivo como o futebol deve ser e assim vem se apresentando.
Tratemos de refutar a ideia de que temos apenas um super nome em nosso elenco, porque ficou provado por A+B que essa linha de pensamento e atitude não contribuiu para que uma camisa pesada como a nossa desempenhasse o melhor futebol. 
Desçamos do pedestal porque camisas pesadas também caem.