Greve na Itália: Queremos o mesmo respeito que tem o Cristiano Ronaldo

As restrições impostas aos trabalhadores da Fiat Chrysler em Melfi, no sul da Itália, não impediram que a Exor, acionista da montadora, investisse parte de seu capital na contratação do jogador Cristiano Ronaldo para o clube Juventus. A situação revoltou os trabalhadores da empresa que marcaram dois dias de greve de protesto para denunciar os constantes sacrifícios enfrentados por eles. A manifestação se inicia no domingo (15), final da Copa do Mundo, e se encerra na terça-feira (17).

cristiano ronaldo - Divulgação

Cristiano Ronaldo foi contratado pelo equivalente a 450 milhões de reais para jogar pelo clube italiano. A Exor, que é sócia majoritária da Juventus, possui 30% das ações da Fiat. Nos últimos anos pede sacrifícios aos trabalhadores alegando restrições financeiras. Um exemplo desse sacrifício foi a redução de horas de milhares de trabalhadores por conta da desaceleração da produção nas fábricas. Será nestes locais que ocorrerão os protestos.

“A nossa fábrica e a Juventus têm o mesmo dono. Por que os nossos investidores só prestam atenção ao time? Por que sempre nos pedem que façamos sacrifícios?”, questionou o líder operário Domenico De Stradis, da União Sindical de Base. O sindicalista exigiu respeito (o mesmo que dão ao jogador) e boas condições de trabalho na linha de montagem. “É uma questão de tratamento. De ter qualidade de vida”.

A greve repercutiu na Itália por ter no centro da polêmica aquele que foi eleito por cinco vezes o melhor do mundo. “Como ele é uma estrela mundial, a nossa greve recebeu toda essa atenção”, afirma De Stradis. “Eu queria, aliás, agradecê-lo por isso.”

O dirigente ainda usou o Brasil como exemplo ao defender uma sociedade igualitária: “Não é possível, por exemplo, que o Brasil ainda tenha favelas enquanto o Neymar ganha milhões de euros. É uma injustiça”, comparou.