Alemanha 2 x 1 Suécia: partida que conceitua o bom futebol

Independente do resultado, a partida entre Alemanha e Suécia concedeu maior significação ao que se denomina o bom futebol, fato raro nesses tempos em que as novas terminologias gourmetizadas tentam explicar e sobrepor muitos jogos arrastados.

Por Ricardo Flaitt*

Gol Alemanha Suecia - Foto: STUART FRANKLIN - FIFA/GETTY

A Alemanha, depois de derrota para o México, não tenha outra escolha a não ser partir para cima da Suécia. E foi. Do outro lado, a boa e destemida Suécia, não se intimidou com os atuais campeões mundiais e seu volume de jogo frente à necessidade germânica. Os suecos também jogaram bola.

Com as duas seleções praticando futebol e não se escondendo em terminologias como futebol-reativo, futebol-apoiado, último terço e outras milongas, proporcionaram um espetáculo de partida.

Os germânicos dominaram a posse de bola, mas isso não significou que a Suécia foi uma Costa Rica acuada em sua grande área. A contenção se dava frente à pressão alemã, mesmo assim, no primeiro tempo, em falha na saída de bola do excepcional Kroos (que cometera falha parecida no segundo tempo) aproveitou o lance e Toivanen fez um golaço de cobertura sobre o gigante Neuer.

Mesmo com perdendo, os alemães, como numa esteira de produção, seguiram construindo jogadas e partindo para cima dos suecos.

No limite do primeiro tempo, os suecos tiveram outra grande oportunidade em cabeçada de Berg que, não fosse Neuer no gol, teria entrado. 2 a 0 para os suecos no primeiro tempo não seria também um exagero, mesmo com menor posse de bola, quando se analisado sob o contexto geral.

A invasão alemã não resultou em gol no primeiro tempo. Na volta do intervalo, Low e seus comandados tinham apenas 45 minutos para determinar o futuro os tetras campeões na Rússia.

A pressão voltara como se na primeira etapa e logo aos dois minutos Reus empata a partida. A Alemanha ainda precisava de mais um gol para seguir viva na Rússia.

Os alemães avançaram suas linhas ao campo adversário, que naturalmente se contraiu, mas as bolas não entravam. Ora passavam ao lado da trave, ora pararam nas defesas do goleiro Olsen, outro gigante.

Em meio a um jogo intenso e bem jogado, a Alemanha ainda teve que lidar com problemas como a saída de Rudy, que tomou uma chuteirada involuntária no nariz, Boateng que tomou dois amarelos e foi expulso, jogadores exauridos, Low não repondo zagueiros, retirando lateral. Era tudo ou nada.

E o tudo chegou aos 49 do segundo tempo. Falta na ponta esquerda, colada na linha da grande área: Kroos deu um toquinho para Reus, que ajeitou para que o volante batesse com efeito e rompesse o espaço aéreo do ângulo da meta sueca. Gol da virada, gol que manteve a Alemanha viva no Mundial.

Como dito inicialmente, independente do resultado, exceto para os alemães, foi também a vitória do bom futebol, disputado por ambas seleções. Uma partida-referência para quebrar os questionáveis paradigmas do futebol moderno, para mostrar que existe vida além do 4-1-4 -1, que é possível os times praticarem o bom futebol sem perder o poder de marcação (compactação no dicionário modernete da bola), que é possível jogar futebol preservando os elementos primevos do jogo com organização e espetáculo.

Todo técnico de futebol deveria ter um DVD dessa partida, até mesmo como contraponto do que se está sendo praticado em sua equipe, colocando à prova muitos conceitos vazios que vem ocupando espaço e formando um futebol muitas vezes duro de se ver.