Existe bobo no futebol? – Por Guadalupe Carniel 

Depende do ponto de vista. Os que acreditaram que camisa pesa e faz os outros se assustarem perante ela em jogos de estreia de Copa, pagaram a língua. Os latinos sofreram e passaram por maus bocados na primeira rodada do torneio, conseguindo encerrar com um feito inédito, pela primeira vez um time asiático venceu um sul-americano em Copa. Apenas Uruguai e México venceram. 

*Por Guadalupe Carniel 

japão - Divulgação

No segundo dia, pelo Grupo A já tínhamos Uruguai e Egito. Uma vitória que saiu em cima da hora, aos 44 do segundo tempo com gol de Gimenéz, num jogo morno, com os dois times bem equiparados, mesmo com a Celeste no papel tendo um melhor plantel. Em determinados momentos, o Egito obrigava o adversário a buscar o jogo, mas com muitos erros e problemas como nas laterais, ou no meio campo, sobretudo com Arrascaeta (que conseguiu a proeza de não dar nenhum chute a gol e nenhuma assistência), Cavani e Suárez que pareciam invisíveis em campo. Godín foi o principal destaque, já que chamava o jogo e era o principal armador.

No sábado, terceiro dia de Copa, era o dia que todos os apaixonados por futebol mais gostam: quatro partidas. E pelo Grupo D, a estreia da Argentina foi um empate em 1-1 contra a Islândia, aquela da torcida que todos simpatizaram na Euro de 2016 e que, para quem não se lembra, quase se classificou para a Copa do Mundo em 2014. Os europeus fizeram a lição de casa: deixaram a Argentina sem espaços, sendo obrigada a alçar bolas áereas, o que obrigava o Aguero, um tampinha, a disputar bola com caras que eram enormes comparados a ele.

Mas o crédito também deve-se a Sampaoli, técnico da Argentina: ele precisou de 53 minutos de partida para notar que fez uma escalação horrível e que o time estava extremamente mal posicionado, vide Biglia e Mascherano que não conseguiam meter uma bola limpa para Messi, que não tinha espaços, ninguém encostava nele e, mesmo assim, atuou bem, buscando jogo, quem reduz a atuação dele a um penal perdido é porque é pobre de espírito e de tática. 
 

Na sequência, era o retorno do Peru a um mundial, perdeu para a Dinamarca por 1-0, gol marcado aos 13 do segundo tempo por Poulsen. Apesar de tudo, os peruanos jogaram melhor, tinham um bom ritmo e no final da primeira etapa, Cueva, perdeu um penal. O que talvez tenha afetado seu rendimento, que caiu no segundo tempo e que fez a Dinamarca ganhar confiança. Talvez o grande erro aí também tenha sido do técnico, conterrâneo do Sampaoli, Gareca: demorou em alterar o time e colocar Guerrero que entrou aos 17 do segundo tempo no lugar de Flores, que desperdiçou as melhores chances peruanas. 
 
Domingo era a vez dos dois latino-americanos do Grupo E, Costa Rica e Brasil e entre eles, o México, pelo Grupo F. Costa Rica está bem longe de ser aquela da última edição do torneio e que surpreendeu a todos. Na primeira rodada, jogou contra a Sérvia e perdeu por 1-0. Os sérvios jogaram extremamente bem: tinham maior posse e melhor toque de bola, criando espaços, não deixando a Costa Rica nem criar contra-ataques, o que a obrigava a rifar a bola em ligações diretas da defesa para o ataque, que não resultavam em chances de gol. Entretanto, o melhor jogador da partida foi costarriquenho: o goleiro Navas, famoso por jogar no Real Madrid, que evitou um resultado maior para os sérvios que marcaram de falta com Kolarov.
 
México 1, Alemanha 0. Um jornal de esportes alemão um dia antes fez uma capa falando que eles já tinham um muro contra o México, numa clara alusão ao Trump. A Alemanha entrou buscando mais jogo, obrigando o México a jogar no contra-ataque, que marcou aos 34 do primeiro tempo. Os alemães tentaram responder com Kroos numa cobrança de falta, mas parou no travessão. Mesmo com a Alemanha não deixando o México sair para o campo de ataque, os centro-americanos seguraram a partida e não davam espaço, marcando bem os alemães.
 
Brasil e Suíça. Jogo ganho? Ledo engano. Esqueça aquela máxima de ferrolho. 1-1, com direito a arbitragem polêmica por conta do VAR. Teve erro? Óbvio, mas uma coisa que precisam entender é: com toda a tecnologia do mundo, ainda é subjetivo. A FIFA assumiu o erro. Mas quantos erros já existiram? E falar que o Brasil perdeu por isso é um crime. Assim como todas as seleções citadas não jogou bem. O ataque, uma atração, não criou bem. Philippe Coutinho abriu o placar e parecia que seria uma partida tranquila para o escrete canarinho, com Gabriel Jesus e Paulinho jogando mais soltos. Mas na segunda etapa, a Suíça despertou e começou a ter volume de jogo, começaram a pressionar e num escanteio, Zuber empatou. Esse foi o momento da reclamação do VAR. Mas e os nove jogadores do Brasil enquanto o suíço estava sozinho? Com isso, o Brasil se tornou apático. O empate foi um bom negócio porque a Suíça jogou bem. 
 
Panamá 0, Bélgica 3, no Grupo G. A seleção estreante não teve nem chances contra os favoritos belgas. No primeiro tempo, como era de se esperar, pressão total dos europeus, mas o jogo bem morno. Na segunda metade, os panamenhos decidiram abrir para buscar jogo e foi aí que a Bélgica viu espaço para conseguir a vitória por meio de contra-ataques. Os gols foram de Mertens e Lukaku, que agora tem a marca de 27 gols em 27 jogos pela seleção. 
 
O último dos latinos, foi Colômbia ante o Japão, 2-1 para os nipônicos. A partida mal começou e Carlos Sanchéz, meio-campo colombiano expulso aos três minutos. Penal para o Japão que abriu o placar, com Kagawa. Mas, não foi o gol que foi sentido pelo time de Pekerman, mas a expulsão: o esquema tático estava destruído e ainda com um a menos. Quintero conseguiu marcar, mas o ataque colombiano quase não criava. Então, na segunda etapa, o Japão que já fazia uma partida melhor, marcou aos 27, com Osako. 
 
Começo difícil para os latinos…