Dilma: Processo contra Gleisi tem todas as características de farsa

A presidenta eleita Dilma Rousseff publicou um artigo em que manifesta apoio à senadora Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, que tem ação contra ela sendo julgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em ação que é acusada no âmbito da Lava Jato. “O processo contra Gleisi, o ex-ministro e ex-deputado federal Paulo Bernardo e o empresário Ernesto Kugler tem todas as características de uma farsa – repleta de mentiras evidentes e depoimentos contraditórios”, afirmou Dilma.

Dilma 6 Congresso PT - Lula Marques/Agência PT

A ação contra Gleisi será analisada pela Segunda Turma do Supremo, composta pelos ministros Ricardo Lewandowski (presidente), Celso de Mello, Gilmar Mendes, Edson Fachin e Dias Toffoli.

Para a presidenta Dilma, Gleisi passou a ser alvo da perseguição jurídica e política, seguindo os mesmo moldes da perseguição feita contra o ex-presidente Lula.

A farsa, segundo ela, consiste no fato de que os acusadores tornaram-se delatores premiados para obter vantagens jurídicas, como a própria liberdade, e o acesso aos recursos financeiros ilegalmente obtidos.

“Estão, portanto, dispensados de restituir o que roubaram. Esta situação absurda – criminosos confessos forjando acusações contra inocentes em troca da impunidade — é parte ponderável das investigações baseadas em delações premiadas sem quaisquer provas”, frisou.

Dilma disse ainda que os delatores mudaram suas versões sobre os fatos, feitas originalmente em 2014, à medida em que iam sendo desmentidas pelos fatos. “O inquérito aberto pela PF era secreto e, no entanto, foi vazado para a imprensa a fim de destruir a reputação dos acusados, notadamente Gleisi Hoffmann”, lembra Dilma, reforçando que as acusações não eram acompanhadas de provas.

Para Dilma, as investigações foram montadas a partir da quebra do sigilo telefônico sem autorização da Justiça. “Em todos os sentidos que se possa examinar, a ação contra Gleisi é um processo de exceção, arbitrário, autoritário e, neste sentido, ilegal e abusivo”.

De acordo com Dilma, a presidente nacional do PT é vítima de lawfare“porque é uma política relevante do campo progressista e interlocutora importante de Lula.

A defesa da senadora argumenta que as delações contra ela são contraditórias e inconsistentes. Os advogados citam o depoimento do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, por exemplo, que disse ter ouvido do doleiro Alberto Youssef que teria sido procurado por Paulo Bernardo, pedindo R$ 1 milhão para a campanha eleitoral. Por sua vez, Youssef afirmou que Paulo Roberto, e não ele, fora procurado por Bernardo. Depois, Paulo Roberto alegou que Alberto Youssef não lhe disse se foi o próprio Paulo Bernardo ou algum interlocutor que o procurou.

Youssef apresentou versões diferentes sobre a suposta entrega do dinheiro. Primeiro, afirmou ter entregue pessoalmente R$ 1 milhão a um intermediário em seu escritório em São Paulo. Em outro momento, a versão era de que o dinheiro foi entregue “em duas ou três” parcelas. E, na última, sob risco de sua delação ser anulada, Youssef apresentou o amigo e sócio Antônio Pieruccini como suposto portador, até Curitiba, de quatro parcelas de R$ 250 mil, que teriam sido entregues ao empresário Ernesto Kluger.