Após eleições, Farc defendem unidade pela paz na Colômbia

O partido da ex-guerrilha Farc se pronunciou sobre o resultado das eleições presidenciais da Colômbia, realizadas neste domingo (17). Os ex-guerrilheiros demonstraram disposição para se reunir com o novo presidente, Iván Duque, a fim de debater o acordo de paz firmado com o governo de Juan Manuel Santos.

Farc - manifestação - Divulgação/Farc

Longe de ver a derrota do candidato progressista Gustavo Petro como um problema, as Farc entendem que esse resultado abre um novo caminho na história da Colômbia, capaz de pavimentar o fortalecimento da esquerda.

Para isso, entendem que é necessário um projeto conjunto dos partidos e movimentos sociais. “Agora, mais que nunca, é urgente a unidade de todos os setores, acreditamos na possibilidade de um futuro diferente do caminho pela qual a nação foi conduzida até então. O resultado eleitoral da Colômbia Humana [coalizão de Petro] mostra que sim, é possível.”

“Este processo eleitoral é, sem dúvidas, um passo à frente na consciência de um número muito importante de colombianos e colombianas que, com sua participação eleitoral, assumem posição pela mudança e transformação social.”

Esta foi a primeira vez na história do país que um candidato da esquerda chegou ao segundo turno das eleições presidenciais. Historicamente marcado pela violência, desta vez a tranquilidade triunfou no processo eleitoral e este foi também um ponto destacado pelas Farc que, ao longo dos últimos anos, se dedicam a implementar a paz.

“A ausência de episódios de violência, tanto no dia da eleição parlamentar, como nos dois turnos da eleição presidencial, somados à alta participação dos eleitores, são indicadores de uma nova realidade que tem sua origem, entre outros fatores, no Acordo de Havana [acordo firmado entre a guerrilha e o governo que deu fim aos 50 anos de guerra].”

Porém, com a chegada de Duque ao governo, este acordo pode estar ameaçado, não de terminar, mas de não manter as garantias asseguradas até aqui. Durante a campanha, o candidato apoiado pelo ex-presidente Álvaro Uribe disse mais de uma vez que não respeitaria o acordo de paz. Mais que isso, os setores da extrema-direita que ele representa são os principais atores responsáveis por boicotar este processo. Por isso, o futuro da paz no país é incerto, mas as Farc estão dispostas a trabalhar da melhor forma possível para garantir que este avanço social não sofra golpes com a nova gestão.

“É necessário impor a sensatez; o que o país precisa é de paz integral, que nos conduza à esperada reconciliação, baseada no bem-estar social, na verdade, justiça, reparação integral das vítimas do conflito e garantias de não repetição. Burlar este propósito não pode ser um plano do governo”, disse o partido.

Duque foi eleito presidente da Colômbia no começo da noite deste domingo (17). Apoiado pelo ex-presidente Álvaro Uribe, ele somou 53,95% dos votos, contra 41,83% de seu opositor Petro, ex-prefeito de Bogotá e ex-guerrilheiro do M-19.