Novo governo italiano mostra a que veio e já expulsa imigrantes

Matteo Salvini, líder da Liga (extrema-direita) e novo ministro do Interior italiano, lançou no domingo (3) na Sicília a nova campanha anti-refugiados, no mesmo dia em que naufragava mais um barco com 180 pessoas a bordo

Matteo Salvini

Foram recolhidos 43 corpos sem vida, tendo sido salvos 68 pessoas. As operações de busca continuam. A principal mensagem de Salvini dirigiu-se à Europa: “Ou a UE nos ajuda, ou escolheremos outras vias".

O novo ministro não esteve presente em Luxemburgo na reunião dos seus homólogos europeus para debater a política de imigração. Mas a delegação italiana votará contra o projeto em análise, que acusa de penalizar a Itália e os países do Mediterrâneo. “Ou nos ajudam a controlar as fronteiras e pôr em segurança o nosso país, ou teremos de escolher outras vias.” Anunciou também o fechamento dos portos italianos aos barcos das organizações não governamentais que realizam operações de socorro.

De resto, continua a pensar na expulsão de centenas de milhares de imigrantes ilegais. Mas este será um processo longo, caro e complicado que exige fundos e negociações internacionais. A alternativa da “criminalização” acabaria com o sistema prisional italiano. Paralelamente, Salvini mantém a pressão no terreno da propaganda. A imigração é o tema mais mobilizador para a sua base eleitoral e uma preocupação muito difusa. Disse em um comício no Norte: “Acabou o recreio para os clandestinos. Façam as malas e partam". Um editorialista disse que estas palavras estão no “limite da indecência”. O escritor Roberto Saviano apelou à resistência: “Desobedecer a este ministro do Interior que quer afogar pessoas.”

O último relatório da ONU sobre a população mundial prevê que o número de migrantes deverá continuar estável até 2050. Entretanto, o ex-ministro do Interior, Marco Minniti, conseguiu reduzir drasticamente o número de imigrantes nos primeiros cinco meses do anos — 13.500 contra 60 mil no período homólogo de 2017 — na sequência de negociações com países como a Líbia. O controle das migrações é uma questão-chave para a Itália, na medida em que é um dos fatores mais fortes da “le-penização” (referente ao partido de Le Pen na França, conhecido por ser de extrema-direita, islamofóbico e xenófobo) da opinião pública.