Manuela: “O sistema tributário é injusto e agudiza as desigualdades”

Durante participação no Fórum Internacional Tributário, nesta segunda-feira (4), a pré-candidata à Presidência da República pelo PCdoB, Manuela D’Ávila, voltou a defender a construção de um projeto nacional de desenvolvimento que tenha o Estado como condutor e que passe por uma reforma tributária progressiva.

Manuela

“O sistema tributário brasileiro é injusto, agudiza as desigualdades sociais e se não enfrentarmos isso a partir de uma reforma tributária de caráter progressivo, não conseguiremos sair ou enfrentar a crise da economia que garanta o combate às desigualdades que deve ser o centro da agenda política da próxima, que pretendo ser eu, presidente do Brasil”, afirmou Manuela na abertura do evento, promovido pela Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital (Fenafisco), a Associação Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil e a Fundação Anfip.

Na análise de Manuela, o país vive múltiplas crises, mas tem como centro a crise política, que foi agravada por um impeachment sem crime de responsabilidade e a constituição de um governo sem legitimidade.

“Enfrentamos a greve dos caminhoneiros com uma imensa dificuldade de solucionar, principalmente pela ausência de legitimidade e autoridade de um governo que é construído por fora das bases do pacto democrático”, enfatizou a pré-candidata comunista, apontando que a saída da crise econômica passa pela reconstrução do pacto democrático, a partir das eleições de 2018.

Segundo ela, o debate eleitoral deve ter como centro propostas de um projeto nacional de desenvolvimento para o enfrentamento da grave crise econômica.

“Uma parte considerável dos candidatos busca mascarar e se posicionar de forma leviana em espaços políticos que não existem diante de uma crise estrutural e tão grave como essa”, repeliu Manuela.

Para a pré-candidata, que também é deputada estatual no Rio Grande de Sul, o debate é a profusão de saídas que passe por um projeto nacional de desenvolvimento completamente “antagônico ao projeto executado por Michel Temer”.

Segundo Manuela, a agenda de Temer “é absolutamente antinacional e de entrega do patrimônio público para a gestão de outros interesses que não são os interesses do nosso povo”, mas que alguns candidatos têm em suas propostas justamente a manutenção dessa agenda.

“Nós imaginávamos que o governo Temer viraria pó. Fora Temer é uma unanimidade em nosso país e não apenas uma bandeira daqueles que denunciam a ilegitimidade do governo. Mas nós precisamos compreender que, embora seja um governo morto, o seu fantasma ronda o conjunto de outras candidaturas a partir de programas de governo antinacionais”, alertou Manuela.

E segue: “São projetos que priorizam a elite brasileira que sempre foi antinacional e cada vez mais vinculada ao capital especulativo. Mesmo setores que eram tradicionalmente vinculados à produção, por causa da nefasta política de juros e câmbio, se vincularam ao rentismo”.

Manuela enfatizou que a imprensa e a direita conservadora manipulam para reduzir o debate sobre o papel do Estado em apenas políticas sociais. “Existe um debate anterior que é o papel do Estado na construção e condução de um projeto para o nosso país. Nenhuma economia do mundo sob qualquer regime e de nenhuma nação desenvolvida prescindiu ao papel do Estado na condução de seu projeto nacional de desenvolvimento submetendo aos interesses de seu povo”, afirmou.

Ela afirma que, embora não seja sempre o mais visível no debate criado pela grande mídia, uma proposta de projeto nacional de desenvolvimento passa pela recomposição da capacidade de investimento do Estado brasileiro.

“Essa recomposição pode e deve se dar a partir de uma reforma tributária de caráter progressivo”, defendeu.