Wadson Ribeiro: Até quando o povo palestino será massacrado?

Desde os meus tempos de militância política na juventude, sempre fui muito sensível à causa palestina. Meu contato com o tema se intensificou quando, na condição de deputado federal, fui presidente da Frente Parlamentar Brasil e Países Árabes. Naquele período, a Frente recebeu por diversas vezes a presença do embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, que relatava o sofrimento do seu povo, massacrado pelo governo de Israel, sempre a serviço dos Estados Unidos.

Por Wadson Ribeiro*

Palestinos

Perguntava sempre nas reuniões: até quando os palestinos seguirão pagando com suas vidas para que o mundo perceba que a situação do seu povo é cada vez mais insustentável? Nesta semana, os massacres intensificaram-se. Dezenas foram assassinados e desde o final de março mais de 100 já morreram e quase 3 mil ficaram feridos. O povo palestino realiza seus protestos pela passagem do aniversário da Nakba (Catástrofe), relembrada desde 15 de maio de 1948, quando mais de 700 mil árabes residentes na região foram forçados a deixar suas casas e territórios a serem então ocupados pelos integrantes do novo Estado de Israel.

Não bastasse os sofrimentos deste povo nas últimas décadas, o presidente norte-americano, Donald Trump, elegeu a data histórica para mudar a sua embaixada de Tel Aviv para Jerusalém.

Ao marcarem justamente para um 14 de maio a instalação na representação diplomática norte-americana, tanto o Governo dos EUA quanto o de Israel tinham consciência da provocação e desrespeito que estavam patrocinando não só aos palestinos, mas a todos os acordos internacionais.

Jerusalém é a capital de tantos povos e mais do que nunca a capital de israelenses e palestinos, como determinam os tratados para a coexistência de dois Estados na região, o de Israel e o da Palestina. Ocorre que o Governo de Israel tem se aproveitado do intempestivo presidente norte-americano para aprofundar seu processo de ocupação e dominação de terras palestinas.

Israelenses avançam no processo de colonização e no estrangulamento das condições de sobrevivência especialmente dos dois milhões de palestinos que estão na Faixa de Gaza, espremidos em um corredor de 360 quilômetros ao longo do Mediterrâneo entre Israel e o Egito. Um massacre a céu aberto e para quem quiser ver.

O conflito faz parte da cena de um rearranjo geopolítico que aumentou a temperatura dos conflitos no Oriente Médio. O mundo, mais uma vez, está refém dos caprichos de um presidente estadunidense, desta feita mais imprevisível, despreparado e desequilibrado que os anteriores, que brinca pelo twitter com a situação da Síria, da Palestina e da Coreia do Norte, como quem joga tetris nos intervalos das reuniões.

Chama atenção o imobilismo da União Europeia, espremida entre três titãs, EUA, Rússia e China e sem saber com qual dos três fazer mais política. Os europeus assistiram passíveis a saída dos EUA do acordo nuclear com o Irã, algo fundamental para a paz mundial. São componentes de uma situação bastante dramática e perigosa. Enquanto isso, as populações dos países em desenvolvimento amargam os desequilíbrios econômicos como no preço do petróleo e a variação cambial em torno do dólar, pagando o preço por guerras que dizima inocentes e arrasam o patrimônio público da humanidade.