Vitória metalúrgica: Reforma trabalhista não colou em acordos 2017

A renovação das convenções coletivas dos metalúrgicos em 2017 foi marcada pela recusa dos trabalhadores em aceitar cláusulas da reforma trabalhista nos acordos. A orientação, seguida à risca, partiu da unidade construída pela categoria em torno do movimento Brasil metalúrgico, criado em agosto de 2017. Reunião nesta sexta-feira (20) avaliou como positivo o saldo final das convenções do ano passado.

Por Railídia Carvalho

Reuniao Brasil Metalúrgico balanço campanhas salariais 2017 - reprodução

“Na mesa de negociação os empregadores queriam repartir férias em três períodos, incluir o trabalho intermitente, entre outras cláusulas que são previstas pela reforma trabalhista, mas não aceitamos. Assinamos a convenção um pouco antes da entrada em vigor da reforma mas mesmo assim a pressão foi grande”, contou Marcelino da Rocha, da Federação Interestadual dos Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil (Fitmetal).

Ele participou nesta sexta da reunião do Brasil Metalúrgico no Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes, na capital paulista. Segundo o dirigente a expectativa é que a experiência se amplie e atinja mais categorias. Eletricitários, engenheiros e marceneiros foram algumas das categorias que participaram dos encontros do Brasil Metalúrgico.

"A tendência natural é que as categorias se organizem por ramos com amplitude e unidade para resistir à retirada dos direitos dos trabalhadores. Cada vez mais se faz urgente a resistência diante de um Brasil que vive em um estado de exceção e com 25 milhões de pessoas ou desempregadas ou em trabalho precarizado, alguns análogo à escravidão”, analisou Marcelino.

Na opinião do dirigente, a precarização trazida pela reforma trabalhista também atinge o empregador. “No final da negociação os patrões com um pouco mais de responsabilidade preferem a composição para fechar o acordo. A precarização que rebaixa o salário, terceiriza o trabalhador com a piora das condições coloca em cheque a qualidade do produto”.

Na opinião de Marcelino, a reforma trabalhista trouxe o que ele denominou de “violenta insegurança jurídica” e viola regras internacionais de proteção à saúde do trabalhador. “O índice de acidente e morte é maior nas terceirizadas. O legislativo brasileiro cumpre com as regulamentações internacionais de preservação da sáude e da vida dos trabalhadores ao aprovar a terceirização sem limites como consta na reforma trabalhista”, questionou.

O dirigente emendou: “Concederam um liminar para o Maluf (ex-deputado Paulo Maluf, atuamente preso) por questões humanitárias para cumprir pena em casa mas ninguém se escandaliza com o fato de que a reforma trabalhista permite que lactantes e grávidas trabalhem em local insalubre”, questionou o presidente da Fitmetal.