Refundação Comunista (Itália) integra a lista eleitoral Poder ao Povo

A lista foi chamada de "única novidade real na cena eleitoral italiana”. O Partido da Refundação Comunista – Esquerda Europeia, disputará as próximas eleições gerais na Itália, no dia 4 de março, integrando a lista de uma articulação da esquerda italiana chamada Poder ao Povo, que pretende se consolidar como um “sujeito unitário da esquerda anti-neoliberal”

potere al popolo

Documento distribuído nesta terça-feira (13) pelo PRC-EE explica que o programa do Poder ao Povo “é um programa de ruptura radical com as políticas neoliberais dominantes nos últimos 25 anos na Itália e na Europa, centrado na defesa e implementação da Constituição nascida da resistência ao nazi-fascismo”.

Leia abaixo os principais extratos do documento, traduzidos pela Redação do Resistência: 

Roma, 13/02/2018

Caros camaradas,

Na Itália, no próximo dia 4 de março, serão realizadas as eleições gerais.

Simbolo_Partito_della_Rifondazione_ComunistaComo Refundação Comunista, faz muitos anos que trabalhamos para a construção de um polo político de esquerda anti-neoliberal na Itália.

Um polo político que, tomando também em conta o caminho traçado pelas formas organizativas implementadas ao longo dos anos em outros países, permita combinar a construção de um sujeito unitário da esquerda anti-neoliberal e ao mesmo tempo respeitar as diferentes culturas políticas presentes na esquerda.

Este caminho também tem o objetivo de dar vida a uma lista unitária da esquerda anti-neoliberal. Em nossa opinião, nos últimos anos tem estado ausente no Parlamento uma verdadeira força de esquerda que defenda os interesses populares e dos trabalhadores e trabalhadoras.

O Comitê Político Nacional do Partido da Refundação Comunista – Esquerda Europeia, decidiu por unanimidade participar da lista eleitoral unitária da esquerda anti-neoliberal que se chamará Potere al Popolo (Poder ao Povo – www.poterealpopolo.org).

O programa do Poder ao Povo é um programa de ruptura radical com as políticas neoliberais dominantes nos últimos 25 anos na Itália e na Europa, centrado na defesa e implementação da Constituição nascida da resistência ao nazi-fascismo.

Ao lista do Poder ao Povo despertou grande interesse, especialmente na juventude, que se encontra entre a “crítica da economia política e a crítica da política”.

A partir de uma Assembleia Nacional convocada no último dia 18 de novembro em Roma por um Centro Social Juvenil de Nápoles (ex-opg Ocupado), aconteceram quase 200 assembleias em todo o país. As assembleias decidiram democraticamente as listas eleitorais.

A lista unitária, além da Refundação Comunista, conta com a presença de outras formações políticas (Partido Comunista Italiano, Esquerda Anticapitalista, Rede dos Comunistas), sindicatos (USB e Cobas), Centros Sociais Juvenis, movimentos sociais, indivíduos, etc.

Desta maneira se tem desenvolvido um movimento que envolve trabalhadoras e trabalhadores, jovens, desempregados e aposentados, ativistas e militantes, partidos, redes e organizações da esquerda social e política, anti-neoliberal e anticapitalista, comunista, socialista, ambientalista, feminina, laica, pacifista, libertária.

Graças a esta extraordinária mobilização, em poucos dias recolhemos 93.000 assinaturas em todo o país para a apresentação da lista em todos os distritos eleitorais. Uma tarefa quase impossível, enfrentando a falta de recursos e uma censura quase total do meios de comunicação. Além disso, para eleger parlamentares, a nova lei eleitoral nos obriga a superar o mínimo de 3% dos votos.

Poder ao Povo é a única novidade real na cena eleitoral italiana para combater a desvalorização do trabalho e a retirada de direitos que marcou a época dos governos de centro-direita e da chamada “centro-esquerda” do Partido Democrata (PD) de Matteo Renzi.

Poder ao Povo tem a ambição de representar o mundo dos excluídos, d@s migrantes, dos marginalizados, das periferias urbanas, daqueles que têm sofrido os golpes das crises. De quem não tem encontrado soluções no reformismo soft da esquerda moderada de “Liberi e Uguali” (de Massimo D’Alema e Bersani), que não tem recebido nenhuma resposta da demagogia do Movimento 5 estrelas.

É a única lista que não se concentra apenas no terreno eleitoral, mas caracteriza sua presença por uma proposta política mais geral, que vai além das eleições de 4 de março.

Por esta razão, Poder ao Povo fala ao horizonte da esquerda real, social e política, para “reconstruir”, mas sobretudo para “regenerar” e “refundar” a esquerda italiana; sujeitos sociais e políticos que têm decidido unir suas forças para o hoje e o amanhã, para construir novas formas e práticas da representação institucional.

Um projeto unitário, para reconstruir uma nova esquerda, a altura dos tempos e do desafio da crise sistêmica mais catastrófica do capitalismo contemporâneo. Por esta razão, “nos reconhecemos na alternativa de sociedade que propõe Poder ao Povo: uma sociedade fundada na dignidade, na liberdade e direitos das trabalhadoras e trabalhadores, na eliminação de toda discriminação, na afirmação dos direitos das mulheres, no princípio da igualdade substancial, na reconquista dos direitos sociais e civis, na proteção do patrimônio ambiental, cultural e artístico, no repúdio à guerra”.

Infelizmente, devido às armadilhas da nova Lei Eleitoral, não conseguimos apresentar a lista fora da Itália. No entanto, e desde já, agradecemos o seu apoio.

Marco Consolo

Responsável pelas Relações Internacionais

Partido da Refundação Comunista – Esquerda Europeia – Itália