Ellen Sirleaf vence Prêmio de Excelência na Liderança Africana

Ellen Johnson Sirleaf, a primeira mulher nos tempos modernos a assumir a presidência de um país africano, a Libéria, foi na segunda-feira (12) anunciada como vencedora do prémio Mo Ibrahim para a Excelência na Liderança Africana

Ellen Johnson Sirleaf

Essa economista que estudou em Harvard e foi co-vencedora do Nobel da Paz, governou a Libéria durante dois mandatos, entre 2006 a 2017, foi distinguida pela liderança excepcional e transformadora na recuperação do país após muitos anos de guerra civil.

"Ellen Johnson Sirleaf tomou o comando da Libéria após o país ter sido completamente destruído pela guerra civil e conduziu um processo de reconciliação concentrado na construção da unidade nacional e de fortes instituições democráticas. Ao longo de seus dois mandatos, ela trabalhou incansavelmente em nome do povo da Libéria", afirmou o presidente do Comité do Prémio, Salim Ahmed Salim.

Sob a presidência de Sirleaf, a Libéria manteve problemas crônicos como a corrupção e a falta de serviços básicos (como eletricidade e água potável), tendo sido ainda duramente afetada pelo vírus do ebola, que matou milhares de pessoas. Contudo, mesmo se foram cometidas algumas falhas nestes 12 anos, refere, o comitê considera que a antiga chefe de Estado "em circunstâncias muito difíceis" conseguiu lançar "as bases de paz e democracia sobre as quais a Libéria pode agora construir um futuro melhor. 

Desde 2006, a Libéria é o único país a melhorar em todas as categorias e subcategorias do Índice Ibrahim de Governança Africana, tendo subido dez lugares na classificação geral do Índice, para 28.º lugar em 58 países.

O objetivo do Prêmio Ibrahim é distinguir líderes que, durante o seu mandato, ajudaram a desenvolver os seus países, fortalecendo a democracia e os direitos humanos e estimulando o desenvolvimento sustentável. Todos os anos, são candidatos ao prémio ex-chefes de Estado ou de governo africanos que cessaram funções nos três últimos anos civis (neste caso, entre 2014 e 2016) após terem sido democraticamente eleitos e cumprido o seu mandato de acordo com a Constituição do país.

O prêmio foi lançado em 2006, mas até agora só foi atribuído cinco vezes: além de Ellen, Pedro Pires, Presidente de Cabo Verde entre 2001 e 2011, e a Joaquim Chissano, antigo Presidente de Moçambique venceram. Nelson Mandela foi o primeiro vencedor, a título honorário, em 2007.

Do júri fazem parte Graça Machel, presidente da Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade (FDC), Aïcha Diallo, ex-ministra da Educação da Guiné, Martti Ahttisaari, ex-presidente da Finlândia, Mohamed ElBaradei, antigo diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica, a ex-presidente da Irlanda Mary Robinson, Festus Mogae e Horst Köhler, ex-presidente da Alemanha.

O valor total do prêmio é de cinco milhões de dólares norte-americanos (quatro milhões de euros no câmbio atual), é distribuído durante dez anos, período após o qual os vencedores passam a receber 200 mil dólares (163 mil euros) por ano, e pretende oferecer segurança financeira a dirigentes africanos que deixam o poder.